Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Santos, Paulo Roberto Santos dos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/237975
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Resumo: |
A baixa qualidade dos boletins de pesca, ausência completa de dados para alguns anos ou áreas e o distanciamento entre aqueles que monitoram a pesca com aqueles que vivem dela, são dois dos principais desafios a serem superados no aprimoramento da gestão de pesca de elasmobrânquios no Brasil. A utilização do conhecimento ecológico local (CEL) dos integrantes das comunidades pesqueiras e o conhecimento científico (CC) de pesquisadores no monitoramento da pesca, é uma boa estratégia para auxiliar nessa questão. No presente trabalho, com base em ações desenvolvidas em uma área considerada hotspot de biodiversidade e que apresenta um dos monitoramentos pesqueiros mais antigos do Brasil, foi estruturada uma sequência de capítulos para testar a hipótese que um monitoramento integrado, unindo o CEL e CC pode gerar dados mais adequados para a gestão pesqueira. Os três primeiros capítulos foram produzidos para se estabelecer um panorama real entre as três vertentes de dados utilizados, o CC histórico e contemporâneo, CEL e o monitoramento pesqueiro clássico (MPC). No capítulo 1, já publicado, verificou-se que a área de estudo, mesmo com uma lacuna de 40 anos na produção de estudos direcionados à biodiversidade de elasmobrânquios, apresenta o registro de 62 espécies (36 tubarões e 26 raias). No capítulo 2, identificou-se um rico histórico pesqueiro revelado pelo CEL dos pescadores, com boa capacidade de identificação de alguns grupos de espécies e descrição dos eventos relacionados a pesca de tubarões e raias, incluindo mais uma espécie de tubarão registrada. No capítulo 3, após uma avaliação da qualidade taxonômica e a participação de categorias de pesca de diferentes níveis taxonômicos, identificou-se que as informações obtidas para a elaboração dos capítulos 1 e 2 não estão refletidas nos boletins de pesca oficiais, onde menos de 20% das espécies que são consideradas recursos pesqueiros estão representadas e mais de 90% das informações coletadas fazem referência a uma categoria de pesca, com resolução taxonômica muito baixa (e.g. “cações-agrupados”). As informações dos três primeiros capítulos formaram a base do quarto, onde foi construído um monitoramento pesqueiro participativo (MPP), baseado no auto-reporte de pescadores, guias de pesca e comerciantes, a fim de testar uma estratégia de aprimoramento dos dados pesqueiros de tubarões e raias. Neste capítulo, foi registrado uma grande participação popular, resultando no monitoramento de 1061 viagens, com reportes de alta qualidade taxonômica e identificação de 55 espécies, com a adição de uma nova espécie de tubarão e outra de raia, em relação à riqueza encontrada nos três primeiros capítulos. A vara de mão e o emalhe de fundo foram os aparelhos de pesca mais representativos na pesca amadora e comercial, respectivamente. Concentrações de áreas de pesca foram observadas nas entradas dos estuários, próximo a ilhas costeiras, fundos de cascalho e parcéis. Valores de captura por unidade de esforço (CPUE) por kg e por número de indivíduos mostraram um declínio anual, mas sem diferenças sazonais. Entretanto, houve uma marcada mudança sazonal na composição de espécies. Espécies de extinção, proibidas de retenção a bordo/comercialização (Sphyrna spp., Squatina spp. e Atlantoraja spp.) e permitidas (Rhizoprionodon spp., Carcharhinus brevipinna, C. limbatus, C. falciformis e Galeocerdo cuvier) foram presentes nos desembarques e descartes (reportados espontaneamente). Informações morfométricas (comprimento total, furcal, eviscerado, entre dorsais etc.) também foram obtidas em todas as amostragens presenciais, assim como peso e sexo. Desta forma, a grande quantidade de informações refinadas obtidas de modo participativo neste capítulo (que também incluiu o registro após o fim das coletas, de mais duas novas espécies de tubarões e outra de raia e a redescoberta de uma população de um tubarão após 50 anos), permite aceitar a hipótese de estudo, indicando a metodologia participativa como de grande importância para o avanço da gestão de pesca de elasmobrânquios no Brasil. |