A religião da máquina: sobre a filosofia transhumanista do vale do silício

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rodrigues, Victor César Fernandes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237996
Resumo: A configuração da crise sistêmica do capitalismo contemporâneo vem levantando problemas que beiram a distopia. O que era antes pertencente ao reino da ficção científica pura e simples, vem hoje assumindo contornos realmente alarmantes. A era do antropoceno vem manifestando continuamente uma série de ramificações catastróficas, sobre as quais se reflete, curiosamente, no horizonte de expectativas crescentes sobre o futuro da tecnologia. Esta tese pretende abarcar a atual conjuntura que tangencia a possibilidade da extinção humana neste planeta, examinando como a filosofia transhumanista nascida junto com o Vale do Silício expressa como refração ideológica tal circunstância. Em razão de que propõe, dentre outras coisas, a hipótese de que a inovação tecnológica ruma para alterar a condição humana do humano. A conjunção entre essas dinâmicas configura o eixo desta tese. Examinando de que modo a teoria de que caminhamos em direção a singularidade tecnológica, - a inteligência humana que seria então ultrapassada pela inteligência artificial -, corresponderia, em alguma medida, com o horizonte catastrófico que nos espera neste século, demonstramos ser o transhumanismo uma religião da máquina que se constitui como expressão ideológica do capital em sua forma mais desumana e psicótica. Com a autodestruição do humano como possibilidade no antropoceno, se inaugura o cenário convergente de uma série de tendências relacionadas ao esfacelamento e a obsolescência da biodiversidade. Ao contrário da promessa de ascensão e transcendência humana pela via dos dispositivos computacionais, temos a expectativa da abominável desolação humana diante de um planeta disforme, sem a abundância vivente que lhe constitui essência. Em outras palavras, a convergência da obsolescência programada das próprias coisas para nosso corpo e mente, manifesta no horizonte transhumanista da cultura uma determinada refração de borda para um futuro desolador. O fetichismo da forma mercadoria, inerente ao modo de produção capitalista de mercadorias, assume atualmente contornos expressivos, traduzindo a teorização de Marx o seu lugar distópico por excelência, segundo nosso ponto de vista. Com efeito, tangenciar a partir do transhumanismo o seu traço de mistificação teórica vis a vis a realidade hostil do capital, expõe nossa postura crítica ao modelo de sociedade de vigilância generalizada do Vale do Silício. Em linhas gerais, consideramos que este estudo contribui minimamente para demonstrar ser a luta anticapitalista do futuro, segundo o exposto, uma questão decisiva a nossa sobrevida.