Entre Hipócrates e Aristófanes: um estudo sobre o corpo e a sexualidade femininos em Atenas (Sécs. V-IV AEC).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Aniceto, Bárbara Alexandre
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253440
Resumo: Em geral, as sexualidades femininas e os corpos das mulheres gregas não foram concebidos, pela historiografia do século XIX até meados do XX, enquanto objetos de análise válidos, sobretudo porque eram associados unicamente à reprodução de herdeiros e filhos legítimos. No entanto, notamos como ambos se fizeram presentes nas produções históricas da Antiguidade Clássica, desde os vestígios materiais até as obras de filósofos, médicos e teatrólogos, dentre eles Hipócrates e Aristófanes. As conceituações do corpo e da sexualidade foram apresentadas pela historiografia contemporânea como uma preocupação dos autores antigos, sobretudo de Aristóteles, em justificar a inferioridade feminina baseados em sua composição fisiológica. Tal análise acabou por reduzir as possibilidades interpretativas oferecidas por outras perspectivas documentais do período clássico, como a hipocrática e a aristofânica. Ao nos debruçarmos sobre a leitura dos tratados hipocráticos Das doenças das mulheres I e II, Da geração [de filhos], Da natureza da mulher, Esterilidade e Da natureza da criança, e aprofundarmos a investigação da representação cômica nas peças Lisístrata (411 AEC), As Tesmoforiantes (411 AEC) e Assembleia de Mulheres (392 AEC), iniciada em nossa pesquisa de mestrado temos como hipótese que é possível vislumbrar uma autonomia do corpo e das práticas sexuais femininas na sociedade ateniense. Autonomia essa amparada no papel cívico por elas desempenhado enquanto esposas legítimas dos cidadãos. A partir deste entrecruzamento documental, defendemos que Aristófanes e Hipócrates partilhavam visões masculinizadas, ora conflitantes, ora complementares, referentes às concepções de feminilidade e masculinidade norteadoras das ordenações sociais no período clássico.