Formação literária: uma experiência prototípica multiletrada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Albano, Sandra Aparecida dos Santos Magatti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192501
Resumo: O presente trabalho, que caminhou na linha teórico-metodológica dos estudos bakhtinianos, amparando-se na concepção interacionista e dialógica da linguagem, e delineando o ensino-aprendizagem nas aulas de Língua Portuguesa, buscou o desenvolvimento de práticas de multiletramentos com textos multissemióticos em aulas de leitura. Com relação às observações em sala de aula, referentes às dificuldades dos alunos em leitura, principalmente a leitura literária, esta pesquisa visou colaborar com o ensino do letramento literário crítico (COSSON, 2014) no cotidiano escolar, buscando a formação de leitores proficientes, humanizados e conhecedores de sua capacidade de interpretar não só o texto literário, mas seu mundo e suas vivências. O trabalho foi desenvolvido com alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental, de uma escola pública em Bauru/SP, a partir de um protótipo didático (ROJO; MOURA, 2012; ROJO; BARBOSA, 2015), para alcançarmos o letramento literário com o gênero discursivo conto através dos múltiplos letramentos, que consideram o diálogo com outras textualidades em uma perspectiva de multiplicidade de linguagens, modos e semioses, fundamentada na teoria da linguagem dialética-dialógica de Bakhtin e seu Círculo (2011, 2016, 2017). Preocupamo-nos, ainda, em lançar um olhar de alteridade para os alunos, o outro da nossa pesquisa, com base em Amorin (2004), bem como nos conceitos sobre os estudos de literatura, leitura e análise linguística (CANDIDO, 2002, 2011; CASTRO, 2010; ZILBERMAN, 2009, 2018), entre outros. Nossa proposta foi desenvolver um protótipo de atividades de leitura e análise linguística com vários gêneros: filmes, sala de leitura, teaser, desenhos, vídeos, músicas, bordados etc., estabelecendo um diálogo entre eles até chegarmos ao texto literário selecionado, o conto “A moça tecelã”, de Marina Colasanti (2015). A partir dele, buscamos explorar a leitura literária crítica, discutindo o papel da mulher no conto e na vida social antiga e contemporânea, tecendo e destecendo ideias, mitos, preconceitos, valores, opiniões e temas como misoginia e violência. Nessa abordagem, caracterizamos nossa investigação como pesquisa-ação, qualitativa-interpretativa (LÜDKE; ANDRÉ, 2013), com uma intervenção resultante na realização de leitura literária significativa ao aluno. A pesquisa corrobora a premissa de repensar o trabalho com a literatura no ensino fundamental de forma que haja uma contribuição efetiva para a aprendizagem dos discentes, principalmente aqueles que possuem uma realidade sócio-financeira deficitária. Os resultados da pesquisa demonstraram, através da elaboração de um diário de campo onde anotamos as atividades desenvolvidas, que os alunos se identificaram com discursos de bullying, racismo, misoginia etc., pois a cada atividade feita notava-se uma crescente capacidade de análise do contexto em seus discursos. A pesquisa empreendida mostra, ainda, que trabalhar o letramento literário por meio do conto é uma maneira, entre outras, de fomentar e auxiliar a formação de leitores que entendem e apreciam o que leem e leem além do texto, fazem inferências, interpretam o contexto e apreendem os sentidos por ele vinculados.