Capoeira na escola: política, ética e estética na roda

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Polido, Pepita Saloti [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154836
Resumo: Este estudo possui por orientação filosófica o materialismo histórico e dialético. Objetivou analisar o potencial emancipador da capoeira enquanto um conhecimento a ser transformado em conteúdo escolar, a fim de ser transmitido aos alunos das séries iniciais do ensino fundamental. Entende-se que o potencial emancipador dos conteúdos escolares está relacionado à possibilidade de contribuírem para que os alunos superem o senso comum, em direção à construção de uma consciência filosófica; em outras palavras, relaciona-se à contribuição para a formação nos alunos de uma concepção de mundo materialista histórica e dialética. Para realizar tal análise essa investigação materializou, com alunos das séries iniciais da rede pública de ensino de Jundiaí, um processo de ensino da capoeira, nas aulas de Educação Física e Artes, orientado pela unidade teórico-metodológica da pedagogia histórico-crítica. Esse trabalho educativo, na busca pela transmissão do conhecimento objetivo por meio da historicidade da capoeira, conjugou duas demandas, a transmissão do pensamento conceitual (de origem científica social), e a possibilidade de despertar os sentidos através da representação evocativa (sensibilização artística). A problematização central foi tratar a capoeira em sua historicidade, justamente por ser a apreensão da capoeira como processo de luta contra a exploração do trabalho humano o que confere a ela objetividade e universalidade. Há de se considerar ainda que essa problematização, diante das exigências postas por um trabalho destinado às series iniciais do ensino fundamental, requer dar vida e concretude ao conteúdo, de modo a acionar a atividade do conjunto dos homens que se encontra na capoeira, condensada e em estado latente. Este estudo propõe que o ensino da capoeira considere a relação entre as instâncias política, ética e estética do jogo, tanto do “jogo de dentro”, ou seja, dos aspectos mais específicos da capoeira, como do “jogo de fora”, ou seja, da capoeira inserida na prática social mais totalizante, e que o trabalho escolar privilegie a instância ética da capoeira. Considerou-se que um trabalho educativo escolar que trate da capoeira, e de outros temas da cultura popular, que se pretenda emancipador porque capaz de contribuir de forma mediata, ou seja, por meio da elevação cultural das massas, para a superação do modo de produção capitalista pelo socialista, não pode prescindir da pedagogia histórico-crítica. Isso em razão de não apenas a “cultura erudita” necessitar ser desarticulada dos interesses dominantes, como a própria “cultura popular”, o que não acontece por meio da sua simples reprodução, mas antes por meio da sua melhor elaboração. Considerou-se também que a descrição do processo de ensino materializado, em vez de se configurar em prescrição de estratégias a serem reproduzidas, ratifica a necessidade de, mesmo sob a determinação da sociedade capitalista, os professores lutarem pelo direito e pelo dever de serem produtores de sua prática social docente, ou seja, de se constituírem permanentemente em intelectuais orgânicos.