Os receptores de vitamina D e retinoide X alfa em lesões malignas e benignas de pele: análise imunohistoquímica e transcriptômica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ocanha Xavier, Juliana Polizel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/244528
Resumo: INTRODUÇÃO: A vitamina D se liga a seu receptor (VDR) para exercer suas funções e este se heterodimeriza com um receptor retinoide X (RXRα) e desta forma, em heterodimero, atua em regiões genéticas responsivas a vitamina D (VDRE) ativando ou inibindo transcrições gênicas. A principal fonte de vitamina D é a exposição à radiação ultravioleta, mas a mesma também é a principal causadora de cânceres de pele. Entretanto, diversos estudos, principalmente experimentais demonstraram efeito antiproliferativo, pró-apoptótico, anti-angiogênico e favorável a senescência celular pela vitamina D e seus metabólitos em células de melanoma. Da mesma forma, estudos demonstraram atividade antiproliferativa dos retinoides e seus análogos, levando, inclusive, a seu uso em transplantados renais e em algumas síndromes cutâneas, visando a prevenção de cânceres de pele, especialmente os não melanoma. OBJETIVO: Analisar a expressão do VDR e do RXRα em lesões de pele não melanocíticas (queratose actínica, carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular) e melanocíticas (nevo intradérmico, nevo displásico e melanoma) através de análise imuno-histoquímica e transcriptômica e compará-las a grupo controle. MÉTODOS: Estudo retrospectivo transversal, com materiais histopatológicos embebidos em parafina provenientes de exéreses realizadas entre 2012 a 2018, no Hospital das Clinicas de Botucatu, da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP). Foi considerado controle o grupo de peles provenientes de ampliação de margem de melanomas, com ausência de qualquer lesão no material. Após todos os grupos serem submetidos aos critérios de inclusão e exclusão, foram submetidos à análise imuno-histoquímica para VDR da marca Abcam e RXRα da marca Novus Biologicals. Foram considerados positivos os casos cujo escore, que observava intensidade e porcentagem de positividade das células, fosse maior que 4. Posteriormente, alguns grupos foram selecionados para análise molecular em plataforma para análise múltipla de RNAm (Nanostring®). Para esta etapa foram selecionados outros 20 genes correlacionados a VDR e RXRα e mais 2 genes housekeeping (GAPDH e B-actina) para terem seus respectivos RNAm analisados em conjunto. Os genes selecionados foram: NCOA1, NCOA2, NCOA3, NCOR1, NCOR2, RAR A, RAR B, RAR G, RXR G, MED1, SMAD3, FOXO3, CYP27B1, CYP24A1, AhR, XPA, XPC. TP53, CREBB e EP300. Todos os dados foram submetidos a análise estatística, considerando p< 0,05 significativo. O trabalho foi submetido e aprovado no comitê de Ética da instituição. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas lesões não melanocíticas, ocorreu perda de RXRα nas queratoses actínicas e perda de ambos os receptores no carcinoma espinocelular. Estes dados favorecem a hipótese de que a vitamina D seria importante no processo de carcinogênese das lesões escamosas. Nas lesões melanocíticas, se observou perda de ambos os receptores em todas as lesões quando comparadas ao grupo controle. Houve correlação estatística da perda dos receptores com a exposição solar, corroborado pela análise do grupo controle em separado. Houve também correlação significativa entre VDR nuclear e regressão histológica, bem como correlação inversa entre RXRα e mitoses. Estas informações favorecem a hipótese de que a exposição solar seria um fator fundamental na perda dos mecanismos de proteção do VDR e RXRα e que provavelmente essa perda ocorra no início da formação das lesões melanocíticas já que não houve diferença estatística entre as lesões avaliadas, a despeito de sua malignidade ou benignidade. Por fim, a análise transcriptômica comprovou a perda de VDR e RXRα nas lesões melanocíticas (nevo intradérmico e melanoma) e demonstrou perda de VDR e RXRα também em carcinomas basocelulares e espinocelulares. Houve diferença estatística com relação a maioria dos RNAm analisados comparando as lesões com o controle, porém quando comparamos as lesões entre si, carcinoma basocelular se diferenciou de carcinoma espinocelular, mas nevo intradérmico não se diferenciou de melanoma. Houve também diminuição de FOXO3, TP53 e XPC nos melanomas. CONCLUSÃO: A expressão de VDR e RXRα se demonstrou afetada pela exposição solar, mecanismo pelo qual poderia haver diminuição dos efeitos protetivos da vitamina D e RXRα. Os resultados da análise imuno-histoquímica foram corroborados pelos da análise transcriptômica, indicando um importante papel do VDR e RXRα na carcinogênese das lesões escamosas de pele. Com relação às lesões melanocíticas, a perda dos receptores provavelmente não se relaciona ao processo de carcinogênese, haja vista que não houve apresentação diferencial deles nas lesões benignas se comparadas às malignas. A maior compreensão desta via fisiopatogênica abre oportunidade para novos estudos e pesquisas, podendo se tornar alvo de estratégias terapêuticas.