Fatores associados à gravidade do melasma facial em mulheres: um inquérito baseado na internet

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Abreu, Ana Flávia Teixeira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253402
https://lattes.cnpq.br/4825824884064076
Resumo: Introdução: O melasma é uma dermatose pigmentar de alta prevalência, que afeta principalmente mulheres de fototipo III a V de Fitizpatrick durante o menacme. Sua patogenia ainda não é completamente compreendida, embora existam alguns fatores desencadeantes conhecidos, como exposição solar, gravidez, hormônios sexuais, processos inflamatórios da pele, estresse, entre outros. O impacto na qualidade de vida dos indivíduos acometidos está bem demonstrado: o melasma pode gerar insatisfação com a aparência e parte dos pacientes refere, inclusive, privação do convívio social em decorrência do sofrimento psíquico imputado pelas manchas. Apesar da elevada prevalência populacional e significativo impacto negativo na qualidade de vida, nenhum estudo prévio havia investigado de forma sistemática os fatores associados à gravidade do melasma facial. Objetivo: Avaliar os fatores associados à gravidade do melasma facial em mulheres que participam de grupos de discussão online sobre a dermatose. Métodos: Estudo transversal, tipo inquérito baseado na internet (crowdsourcing), envolvendo mulheres adultas (entre 18 e 60 anos) previamente diagnosticadas com melasma facial por dermatologista. Foram excluídas participantes que referiram outras dermatoses faciais concomitantes, dermatoses com fotossensibilidade ou diagnóstico não realizado por dermatologista. As participantes foram convidadas a preencherem os questionários da pesquisa através de grupos online de discussão sobre a dermatose existentes em redes sociais, especialmente no Facebook, através de convites enviados individualmente no chat para as participantes dos grupos, durante três meses. As perguntas (online) eram relativas aos dados clínicos, demográficos e de exposição ocupacional, além de questionário índice de qualidade do sono de Pittsburgh e Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD). Por fim, as participantes também preencheram um formulário com um mapa facial (previamente validado presencialmente por 51 mulheres com melasma facial - correlação com escala de gravidade mMASI: rho=0,94, p<0.01), cujo objetivo era apontar na figura as áreas afetadas em seu rosto pelo melasma. A variável dependente do estudo foi a gravidade do melasma, representado pelo número de áreas indicadas no mapa facial. As variáveis independentes foram as informações demográficas, dados clínicos, demográficos, exposição ocupacional, índice de qualidade do sono de Pittsburgh e Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. As áreas faciais indicadas no mapa facial foram avaliadas por análise de agrupamentos (método de Ward) e as covariáveis foram testadas quanto ao número de topografias indicada no mapa facial por modelo linear generalizado com distribuição de probabilidade Tweedie (link de identidade). A dimensão do efeito foi estimada pelo coeficiente β da regressão e a significância estatística definida como p- valor <0,05. Resultados e discussão: Das 2.271 respostas, 1.878 foram consideradas válidas, sendo excluídos casos não diagnosticados por dermatologista, fora do grupo etário, com outras dermatoses faciais, duplicatas ou com dados incompletos. A amostra estudada caracteriza-se pela maior prevalência do melasma em mulheres em idade fértil, de cor autodeclarada branca, que apresentaram mais de uma gestação e com alta frequência de história familiar. A alta prevalência de transtornos de ansiedade, depressão e comprometimento da qualidade do sono também merece destaque nessa amostra. Os principais fatores de piora do melasma foram: exposição ao sol, exposição ao calor e estresse psicológico. As características clínicas e demográficas assemelharam-se às de outras séries de mulheres brasileiras com quadros de melasma mais extensos. Segundo a análise multivariada, quadros mais extensos de melasma foram identificados em mulheres de pigmentação cutânea intermediária,entre 30 e 45 anos, que referiam mais de três gestações, que se expunham ao sol nas atividadeslaborais ou diretamente ao calor, início precoce do melasma, maiores escores de ansiedade, depressão e comprometimento da qualidade do sono. A adesão ao filtro solar, entretanto, apresentou associação positiva com a gravidade do melasma; já a prática de esportes, associação negativa. Como os valores de HAD-ansiedade e HAD-depressão foram colineares (rho = 0,66; p<0,01), não puderam compor o modelo final, optando-se pelo de maior peso estatístico; porém, ambas as condições foram, quando analisadas de forma independente no modelo final, associados à maior gravidade do melasma facial (p<0.05). Os resultados desse estudo corroboram vários fatores agravantes já apontados previamente, como exposição solar, pigmentação cutânea constitucional, multiparidade, predisposição genética, e hormônios sexuais. Ademais, reforça o impacto na saúde mental, como transtornos de humor e comprometimento da qualidade do sono, como agravantes do melasma facial. Este estudo apresenta limitações ligadas ao viés de informação, de confirmação e de seleção e por não ser randomizado. Entretanto, permitiu a identificação de diferentes fatores que devem ser explorados posteriormente com desenhos metodológicos dedicados, além de ter sido utilizado análise multivariada para poder equilibrar os possíveis vieses. Conclusão: Fatores ligados à genética, exposição solar e ao calor, hormônios sexuais, comorbidades afetivas e alteração do sono foram associados à gravidade do melasma facial, o que permite a elaboração de hipóteses fisiopatológicas, propostas terapêuticas e medidas de prevenção.