Desenvolvimento e performance reprodutiva da prole feminina de ratas Wistar expostas à sertralina associada ou não ao estresse na gestação ou na lactação.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Moura, Mayara Silva [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/235430
Resumo: Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) são os medicamentos de escolha para mulheres com quadros depressivos nos períodos gestacional e lactacional. No entanto, o uso desses antidepressivos nos períodos pré e pós-parto tem sido correlacionado com diversas alterações na prole em animais e humanos. A sertralina (ST) é um dos ISRSs mais usados na gestação e na lactação, mas pouco se sabe sobre o impacto da sua utilização nestes períodos, especialmente em relação à prole feminina. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da exposição gestacional (associada ou não ao estresse) ou lactacional à ST sobre o desenvolvimento somático, de reflexos, neucomportamental e reprodutivo da prole feminina de ratas Wistar. Na exposição gestacional, ratas Wistar prenhes receberam ST (20 mg/Kg/dia diluída em veículo) via gavagem associada ou não a estresse de contenção por 1 h/dia nos dias gestacionais 13 ao 20 (n=7-10). Na exposição lactacional, ratas Wistar lactantes foram tratadas com a ST (10mg/Kg/dia e 20mg/Kg/dia diluída em veículo) via gavagem durante toda a lactação (n=9/10). O peso corpóreo das mães e o consumo de ração no período de tratamento foram avaliados no experimento da exposição lactacional. Em ambos os experimentos, a prole feminina foi avaliada quanto ao peso corpóreo, ganho de peso e marcos do desenvolvimento somático e de reflexos. O teste do labirinto em cruz elevado foi realizado na prole jovem e adulta em ambos os experimentos. Foram avaliados os seguintes parâmetros do desenvolvimento e da função reprodutiva: distância ano-genital, instalação da puberdade, ciclo estral, peso de órgãos genitais, histomorfometria do útero e do ovário das ratas púberes e adultas, comportamento sexual e teste de fertilidade. Os resultados foram comparados entre os grupos pelos testes paramétricos ANOVA two-way (para o experimento realizado durante a gravidez) e ANOVA one-way (para o experimento realizado durante a lactação) seguidos pelos testes de Tukey, e pelos testes não paramétricos Kruskal-Wallis seguido pelo teste de Dunn ou teste do Chi-quadrado. As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando p ≤ 0,05. A exposição in utero à ST, independente da exposição ao estresse, reduziu o peso corpóreo ao nascimento, atrasou a erupção dos incisivos, aumentou o peso absoluto das tireoides no dia pós-natal (DPN) 80 e alterou o ciclo estral das ratas. A exposição à ST combinada ao estresse também provocou aumento no peso absoluto e relativo das tireoides no DPN 42, além de aumentar o peso relativo das tireoides, o peso absoluto do útero e a porcentagem de estruturas ovarianas DPN 80. No grupo ST, também foi observado peso corpóreo reduzido no DPN 21, menor ganho de peso no período pré-desmame, atraso no aparecimento de pelos e aumento do comportamento relacionado à ansiedade na prole jovem. O tratamento com a ST durante a lactação não alterou o peso corpóreo materno ou o consumo de ração. A exposição lactacional à maior dose de ST reduziu o peso corpóreo no DPN 7, enquanto ambos os grupos tratados apresentam pesos corpóreos reduzidos no DPN 21. No grupo tratado com a maior dose de ST, também foram observadas adrenais e hipófises com maiores pesos relativos no DPN 21. O grupo tratado com a dose de 10 mg/Kg apresentou atraso na ocorrência do primeiro estro e redução no peso absoluto da hipófise no DPN 42. Ambos os grupos expostos à ST apresentaram redução na altura do endométrio no DPN 75 e aumento nos pesos relativos das tireoides no DPN 42, embora apenas o grupo tratado com a maior dose tenha apresentado tireoides aumentadas no DPN 75. Conclui-se que o tratamento com ST, nessas condições experimentais, teve repercussões em parâmetros reprodutivos, no crescimento inicial, no peso das tireoides, na maturação somática e no desenvolvimento neurocomportamental e de reflexos da prole feminina de ratas, o que levanta o questionamento em relação a segurança da utilização desse antidepressivo na clínica humana nos períodos gestacional e lactacional.