Identificação de bovinos com marca a fogo: caracterização, eficiência de manejo, impactos no bem-estar animal e alternativas à prática

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: de Oliveira, Jaira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/236711
Resumo: Os objetivos com este estudo foram caracterizar o processo de marcação a fogo e avaliar seus impactos no bem-estar de bovinos de corte, nas condições laborais dos trabalhadores rurais envolvidos nesse processo e na eficácia desse processo. O estudo foi conduzido em duas etapas, sendo a primeira uma caracterização do processo de marcação a fogo, quando 37 bezerros da raça Nelore com aproximadamente 8 meses de idade foram marcados a fogo. Foram realizadas as seguintes medidas: 1) o tempo gasto para a aplicação de cada um dos dígitos da marca a fogo, 2) as temperaturas (oC) superficiais da pele dos animais sobre o local do posicionamento da marca e dez centímetros acima deste, estas últimas medidas (realizadas com câmera termográfica, sendo realizadas no dia da aplicação da marca a fogo e nos quatro dias subsequentes) e 3) o nível de ruídos (dB). Para avaliar o tempo para a aplicação de cada digito da marca foi registrado se as aplicações das marcas foram realizadas pegando um único ferro de marcar de cada vez (marcação individual, MI) ou pegando dois ferros ao mesmo tempo (marcação múltipla, MM), considerando também as situações em que foram aplicadas duas marcas ou mais ao mesmo tempo, sem retornar o ferro de marcar ao flambador (nos casos em que a identificação do bezerro tinha números repetidos). Foram registradas ainda as ocorrências de reaplicação das marcas. A segunda etapa do estudo foi conduzida em dois dias, utilizando 94 e 97 vacas adultas, respectivamente, para avaliar a eficiência na identificação, registrando-se os erros de identificação e o tempo para identificar as vacas comparando as leituras feitas nas marcas a fogo, nos brincos visuais e nos brincos eletrônicos. Houve efeito da local da marca sobre a temperatura da pele contemplando todos os dias das medições (de d0 a d4, p < 0,001) e também quando não foi considerado o dia de aplicação da marca, d0 (de d1 a d4, p < 0,001). Também houve efeito significativo (p < 0,001) da interação entre os locais onde foram realizadas as medidas da temperatura da pele e os dias de avaliação, mostrando haver diferenças significativas entre os locais onde foram medidas temperaturas da pele nos dias d0 e d2 (p < 0,05), mas não nos dias d1, d3 e d4. Nenhum animal teve todos os dígitos marcados na condição MI. A média de tempo quando os dígitos foram realizados por MM foi de 8,6 s por dígito, para MI a média de tempo foi de 13,0 s por dígito marcado. Dos 37 animais 86% (n = 32) receberam pelo menos uma remarcação. Dos 296 dígitos marcados, 57 foram remarcados e dentre esses 80,8% (46/57) ocorreram na condição MM. A intensidade sonora durante as marcações apresentou um aumento médio de 43% decibéis no nível de ruído durante o manejo com o flambador aceso em comparação com o apagado. Na análise de eficiência em ambos os dias de manejo, o método de identificação eletrônico foi tempo de leitura significativamente menor que o da marca a fogo (p < 0,001) e do brinco visual (p < 0,001). Houve menos erros de leitura da identificação individual de cada vaca quando utilizada a identificação eletrônica (perda do brinco) em comparação com a marca a fogo e com brinco visual (1,0% vs.17,5% vs e 2,1% vs. 12,7%, respectivamente). Com base nesses resultados concluímos que o uso de brinco eletrônico se apresenta como o melhor método para identificação dos bovinos, dada sua maior eficiência quanto ao tempo de leitura e confiabilidade da identificação. Além disso, seu uso combinado com outros métodos de identificação menos dolorosos, como a tatuagem e o brinco visual, oferece a possibilidade de substituição da marca a fogo, que tem um impacto muito negativo no bem-estar animal.