Estudo do impacto da infecção por nematódeos gastrintestinais no desempenho de cordeiros morada nova para desenvolvimento de método seletivo de controle parasitário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Isabella Barbosa Dos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/216105
Resumo: Os nematódeos gastrintestinais (NGI) são um grande entrave para a ovinocultura. Cordeiros da raça Morada Nova são resilientes aos NGI, podendo apresentar elevadas infecções sem manifestação de sinais clínicos, tais como a anemia, afetando o uso do método FAMACHA. Diante desses fatores, o objetivo deste trabalho foi adequar um método para realizar o controle de NGI dos animais da raça Morada Nova por meio de tratamento seletivo (TST), utilizando a média de ganho de peso diário (GMD) dos cordeiros como parâmetro. Além disso, verificou-se a aplicabilidade da espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS) no diagnóstico da infecção por NGI. A partir dos dados obtidos, realizouse estimativa das perdas econômicas advindas da infecção por NGI nos diferentes grupos experimentais. Para tanto, 114 cordeiros na estação chuvosa e 102 na estação seca foram randomizados em três tratamentos: Controle (TC – sem tratamento), Rotineiro (TR - tratados a cada 42 dias) e Seletivo (TST - tratados de acordo com o GMD). Do 63º dia de vida (D63) até o D210, a cada 21 dias, os animais foram pesados e foram coletadas amostras de sangue (mensuração do volume globular (VG) e avaliação de espectros NIRS), de fezes (contagem de ovos por gramas de fezes (OPG) e coproculturas) e leitura do grau FAMACHA. Para averiguar a resistência dos parasitos ao anti-helmíntico utilizado nos grupos experimentais (levamisol 9,4 mg/kg), realizou-se o teste de redução da contagem de OPG (TRCOF), o RESISTA-Test© para o cálculo das concentrações letais (CLs) e o teste molecular (detecção de indel de 63 bp no gene acr-8 em H. contortus). No estudo econômico foram analisados e comparados os parâmetros de custo operacional dos tratamentos antihelmínticos e o resultado econômico advindo destes. Nos grupos TC, TR e TST, respectivamente, as médias de OPG (p ≤ 0,05) foram 4665,1, 3063,5 e 3462,1 na estação chuvosa e de 4475,1, 1341,7 e 2863,4 na estação seca. As médias do VG foram 32,1%, 33,4% e 32,3% na estação chuvosa e 33,9%, 36,0% e 35,1% na estação seca. Os GMD médios foram 0,087 Kg, 0,101 Kg e 0,094 Kg na estação chuvosa e 0,102 Kg, 0,113 Kg e 0,112 Kg na estação seca. A eficácia do levamisol no TRCOF foi de 66,4%, 24,1% e 76,4% nas chuvas e de 90,7%, 12,4% e 64,8% na seca, respectivamente. No RESISTA-Test© as CL50 foram 0,482, 1,926 e 0,117 µg/mL na estação chuvosa e 0,437, 0,851 e 0,045 µg/mL na estação seca, respectivamente. No teste molecular, a frequência do genótipo homozigoto de resistência foi de 57,1%, 71,4% e 40,0% na estação chuvosa e de 47,8%, 55,9% e 41,9% na seca. Não foi observada diferença significativa entre os tratamentos TST e TR em relação à média de ganho de peso, peso final e GMD, especialmente na estação seca, na qual a carga parasitária foi menor. A eficácia do tratamento anti-helmíntico reduziu de forma mais drástica no TR. Especificidades das raças ovinas e das condições ambientais precisam ser avaliadas antes da aplicação do TST por GMD no controle de NGI. O estudo dos espectros NIRS foi realizado a partir da classificação dos cordeiros Morada Nova entre doentes e saudáveis para a infecção parasitária e apresentou uma sensibilidade de 93,33% e especificidade de 73,21%. A técnica foi capaz de interagir os componentes do sangue e fazer classificações, demonstrando ser uma técnica mais sensível que o FAMACHA, bem como rápida e versátil para aplicação a campo. Em relação ao levantamento econômico, os animais do TR chegaram no D210 mais pesados em relação ao TC, gerando maior faturamento bruto em ambas as estações. Em relação ao TC, pode-se verificar um resultado econômico expressivo a favor do TR de R$ 33,00 por cabeça na estação chuvosa e de R$ 28,45 na estação seca. O TR apresentou resultado econômico 14,4% e 10,9% superior ao TC e 7,2% e 1,9% superior ao TST, no período das águas e da seca, respectivamente, mas o rápido desenvolvimento da resistência inviabilizou seu uso. Os gastos com o uso de anti-helmínticos são estimados em torno de 1,3% no resultado econômico total do sistema de produção. Considerando-se a redução no ganho de peso desencadeada pelos NGI nos rebanhos nacionais, estima-se um potencial impacto econômico R$ 472,6 milhões/ano e que as perdas por mortes na ovinocultura Brasileira sejam de R$ 65 milhões/ano