Uso sustentável do lodo de tratamento de água e esgoto: efeitos fitotóxicos, genotóxicos e possibilidade de uso antes e depois da biorremediação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Ana Cristina Zullo de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/235730
Resumo: O crescimento da densidade populacional vem contribuindo, cada vez mais, para o aumento dos níveis da poluição dos recursos hídricos, o que vem causando severos danos aos ecossistemas associados. Como esses impactos podem atingir as águas utilizadas no abastecimento público, têm sido cobradas das Estações de Tratamento de Água (ETA) uma alta eficiência de seus processos, para que sejam atingidos os índices desejados de potabilidade da água. Do mesmo modo, as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) devem remover, efetivamente, os poluentes orgânicos, inorgânicos e patógenos dos efluentes, antes dos mesmos serem descartados nos corpos receptores, visando a assegurar a qualidade ambiental. Embora a potabilidade da água seja obtida nas ETA e grande parte das partículas potencialmente tóxicas seja removida dos efluentes urbanos pelas ETE, estas estações de tratamento também produzem resíduos, como os lodos de ETA (LA) e de ETE (LE), que podem conter inúmeros contaminantes prejudiciais aos organismos, que coloca em risco tanto a biota exposta como a saúde humana. Desta forma, existe uma preocupação quanto a disposição desses lodos, que não devem ser descartados in natura, e sim submetidos a processo de detoxificação, antes de serem encaminhados ao seu destino final. Dentre as possíveis formas de detoxificação desses resíduos, destaca-se o processo de biorremediação, prática esta que pode ser ainda maximizada pela técnica de bioestimulação. Essa técnica pode ser implementada pela adição de subprodutos agroindustriais ao substrato a ser degradado, que promovam uma melhor aeração e também um maior aporte de nutrientes ao sistema que, consequentemente, levará a uma maior efetividade microbiana na degradação. Este estudo teve como objetivo monitorar a efetividade da detoxificação de LA e LE, associados a fibra de coco (FC) e ao composto exaurido (CE) do fungo lignolítico Pleorotus ostreatus (, em diferentes tempos de degradação (T1 = 0; T2 = 30; T3 = 90 e T4 = 150 dias), por meio de bioensaios ecotoxicogenéticos com Allium cepa e de fitotoxicidade com Lactuca sativa, bem como avaliar o potencial agronômico do composto biorremediado, após 150 dias, utilizando plântulas de L. sativa e Zea mays. As amostras estudadas foram LE; LA; LA+FC; LA+FC+CE; LA+FC+LE e LA+FC+LE+CE). Além disso, foi realizada uma revisão das informações sobre os aspectos ecotoxicológicos e implicações para o aproveitamento desses resíduos provenientes das estações de tratamento de água e esgoto. Os resultados mostraram que, para o teste de fitoxicidade, foi observado indução de toxicidade para o bioindicador L. sativa, para todas as associações testadas do T1 ao T3, exceto para LA+FC. Após 150 dias (T4), todas as amostras estimularam o crescimento de L. sativa. 17 Já, na avaliação do potencial agronômico pôde-se observar que as misturas foram mais satisfatórias para o cultivo de L.sativa quando comparadas a Z. mays. Os resultados referentes ao teste com A. cepa, demonstraram que, para o parâmetro de citotoxicidade, algumas amostras foram tóxicas ao bioindicador, apenas no tempo inicial de biorremediação, e que a mistura LA+FC apresentou citotoxicidade no T3 (90 dias). Quanto à genotoxicidade, os resultados apontam que nenhuma das amostras apresentou potencial genotóxico para a espécie A. cepa. N a avaliação do potencial mutagênico em células meristemáticas de A. cepa apontaram que as associações LA; e LA+FC+CE (T1); LA e LA+FC (T2); LA+FC e LA+FC+CE (T3) foram estatisticamente mutagênicas, quando comparadas ao CN. Já, para o potencial mutagênico em células da região F1 de A. cepa, os resultados demonstraram que os micronúcleos estatisticamente significativos encontrados nas células meristemáticas não prgrediram para as células da região F1 do vegetal. Para o uso das misturas aqui analisadas (LA, LA+FC, LA+FC+CE, LA+FC+LE e LA+FC+LE+CE), como condicionantes de solos agricultáveis, seria necessário monitorar, toxicologicamente, os produtos obtidos na biorremediação, para a certificação da sua adequação para o uso pretendido. Essa necessidade é justificada pelo fato de algumas misturas terem sido mais satisfatórias para o cultivo de L. sativa do que para Z. mays, uma vez que induziram a diminuição da biomassa seca radicular de Z. mays e que os resultados da análise química apontaram um aumento de concentração de metais, durante o processo de biorremediação.