O método na obra Vigotski e a abordagem ontológica do desenvolvimento humano: uma análise histórica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Costa, Eduardo Moura da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/194309
Resumo: A presente tese teve como objetivo apreender o desenvolvimento histórico do problema do método e da metodologia na obra de L. S. Vigotski. Esse psicólogo soviético produziu, entre meados da década de 1920 e início da década de 1930, o projeto de uma Psicologia científica que pretendia superar o reducionismo materialista mecanicista, bem como o idealismo subjetivista. Foi analisada a relação entre objeto, método do conhecimento e procedimentos de pesquisa. Constatou-se que, para o autor, o princípio explicativo da gênese da consciência não está nela própria, porém, nas relações sociais. A análise externa do comportamento alterou-se para a análise interna da consciência. No final da sua vida, Vigotski elaborou a hipótese de que a consciência teria uma estrutura sistêmica e semântica. O método de análise modificou-se, por imposição dos fatos, transladando-se da atividade instrumental mediada pelo signo para o pensamento verbal cuja unidade é o significado. Essa modificação representou a alteração do método de análise das partes componentes para o método de análise por unidades. O método genético experimental se adequou aos resultados das pesquisas, redundando no método de cortes genéticos, que permitiu o estudo não apenas da gênese do desenvolvimento, mas de todo o processo, incluindo a adolescência. A forma de coleta dos dados também foi requalificada, ao longo de sua produção. As situações experimentais, predominantes durante o período baseado no estudo do ato instrumental, deram lugar a outros procedimentos menos restritos, tais como observações, estudo de casos clínicos, aplicação de questionário, definição de conceitos e entrevistas. Conclui-se, com esta pesquisa, que o método, para Vigotski, não é uma produção lógico-gnosiológica, mas responde ao objeto pesquisado, sendo uma abordagem ontológica, pois as modificações operadas em seu método e em suas explicações do fenômeno não foram produto da delimitação lógico-racional prévia, todavia, refletiram a regularidade do fenômeno em cada contexto de observação. Assim, o autor não fundiu nem dividiu epistemologia e ontologia, isto é, não reduziu o conhecimento ao estatuto biológico que compõe o homem, muito menos advogou a suposta tese do antagonismo entre a qualidade material do ser em contraposição à natureza espiritual do conhecimento. Ao contrário, dado que, para ele, o estatuto do ser é encontrado nas relações sociais, a origem do conhecimento está condicionada por esse estatuto, fato que redunda numa compreensão a qual leva em conta o papel do desenvolvimento do significado, tanto para um quanto a outro. Por fim, foi possível constatar a relação intrínseca entre tais princípios metodológicos com aqueles de Marx, sobretudo a fundamentação ontoprática do conhecimento, a determinação social do pensamento e da presença história do objeto, a teoria das abstrações e a lógica da concreção.