Sexualidade feminina na trama do tempo: narrativas indizíveis por mulheres invisíveis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silva, Camila Cuencas Funari Mendes e [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191278
Resumo: Este trabalho tem como objetivo a compreensão dos sentidos da sexualidade feminina para mulheres idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. A sexualidade para este público específico é, em boa parte, coberta pelo véu da invisibilidade. Nossas participantes da pesquisa são testemunhas da passagem do tempo e possuem suas trajetórias de vida contornadas pelo meio sociocultural, onde cada uma, de acordo com sua experiência, imprime diferentes significados na vivência da sexualidade. Por conseguinte, refletir sobre a sexualidade feminina na velhice alimenta o desejo de apreender de que maneira as mulheres idosas vivem, experimentam, simbolizam e ressignificam o efeito do envelhecimento na expressão da sexualidade no contexto social contemporâneo. Falar sobre a sobre sexualidade é falar sobre si e nos propicia a construção da subjetividade em diferentes etapas - da infância à velhice, reunindo aspectos corporais, simbólicos e psíquicos. Herdeiras de padrões sociais, culturais e científicos as participantes dessa tese narraram suas histórias permeadas de silêncios, estereótipos e preconceitos. Para tanto, trouxemos o diálogo entre Psicologia e algumas áreas do conhecimento para fundamentarmos, cientificamente, nossas questões e a metodologia da Narrativa para nos amparar na busca das histórias e memórias das participantes. Elegemos a sexualidade como representante de construção subjetiva de mulheres idosas e por meio desse viés apreendemos que para além do critério, eminentemente, etário, destacamos sua importância na constituição do indivíduo e com sua maneira singular de comunicação e reflexão de diversos aspectos da subjetividade humana. Na presente pesquisa adotamos duas fases de realização que se desdobraram no processo de escrita desse trabalho: em um primeiro momento trazemos a descrição e reflexão de um processo grupal com mulheres idosas participantes da UNATI (Universidade Aberta a Terceira Idade) na UNESP do campus de Assis, São Paulo. Primeiramente discorremos sobre a construção da pesquisa em Psicologia e a concomitante construção da pesquisadora neste processo e apresentamos a metodologia escolhida. Em um segundo momento fazemos um diálogo com estudos científicos de diferentes nacionalidades sobre a temática da sexualidade com a apresentação e reflexão das entrevistas individuais com três mulheres participantes do grupo da UNATI. Cada uma, de acordo com suas vivências e narrativas nos propiciaram diferentes aspectos da sexualidade feminina no envelhecimento. Questões como violências reais e simbólicas, abusos, sonhos interditados, machismos, maternidade, trabalho e outros permearam as narrativas de histórias de vida e suas intersecções com a sexualidade. Concluímos que a conexão entre a sexualidade, o gênero e a velhice foi muito fecunda para análise das suas interações com o meio social, cultural e político, bem como com suas relações internas e com o meio social. E também para o combate do mito da velhice assexuada e das violências que estão expostas, bem como para a afirmação de uma sexualidade prazerosa e possível na velhice. Salientamos, ainda, a importância do desenvolvimento de pesquisas, na área da Psicologia, que abordem a sexualidade de mulheres velhas em sua diversidade, a fim de se compreender as nuances suas configurações no contemporâneo e para propiciar discussões de Políticas sociais para a velhice.