A voz (de levante) na ágora (do agora): análise dialógica de enunciados de Poetry Slam

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Simony Alves de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/236008
Resumo: Poetry Slam, ou apenas slam, são batalhas de poesia falada que surgiram em Chicago na década de 80 e chegaram ao Brasil em 2008, por meio da atriz-MC Roberta Estrela D’Alva. Desde a sua criação, o slam possui características de uma cultura que o antecede: a cultura hip-hop. Neste trabalho, entendemos que o Poetry Slam e todos os seus desdobramentos integram essa cultura e as batalhas, em especial, relacionam-se diretamente com o fruto de um de seus elementos: as letras de rap escritas pelos MCs. Consideramos que tanto o Poetry Slam quanto a cultura hip-hop constituem um movimento que abre espaço para que sujeitos que vivem à margem tenham suas vozes ouvidas e não silenciadas. Não nos ateremos ao slam enquanto movimento porque nos interessa, nesse momento, discorrer sobre uma parte dele, que são as batalhas de poesia falada, em especial os vídeos postados na internet. Desde a chegada do slam no Brasil, têm-se formado grupos, autodenominados “comunidades”, que organizam e realizam essas batalhas mensalmente. Tornaram-se comuns nas batalhas as filmagens de vídeos de poetas declamando os poemas, com sua posterior divulgação em redes sociais e em plataformas digitais. Considerando o interesse crescente pelo slam e a sua relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), apoiados pela Organização das Nações Unidas (ONU), devido aos seus recorrentes temas acerca das desigualdades sociais, esta pesquisa toma por objetivo examiná-lo e, para tanto, analisa quatro vídeos postados no canal do Slam da Guilhermina, no YouTube. A escolha pelo YouTube se deu devido à facilidade do acesso nessa plataforma e a escolha pelo Slam da Guilhermina por se tratar da primeira comunidade de slam a acontecer na rua e da segunda comunidade a ser criada no país. Os vídeos são os quatro mais visualizados do canal. O nosso objetivo principal é, com o recorte desses vídeos, examinar o Poetry Slam, analisando os valores sociais que são afirmados e negados, depreendendo, enfim, o embate de vozes nesses excertos de batalha. Fundamentamos nossa pesquisa no quadro teórico-metodológico dos estudos bakhtinianos. Nesse sentido, tomamos os vídeos como enunciados concretos e, desse modo, esse conceito, junto à relação dialógica entre eu-outro e ao conceito de cronotopo, representam o cerne teórico da nossa discussão. Os resultados apontam que há nos vídeos certa regularidade temática, visto que as desigualdades sociais, especificamente feminismo e racismo, são temas que os constituem, além de o “eu” nos vídeos ora defender valores que visam ao grupo, ora defender valores pessoais. O trabalho detalha os modos como esses valores são apresentados nas batalhas, sempre “encarnados” pelo sujeito que toma a palavra. O eu-poeta se endereça ora ao que chamaremos de “seus” ora a um outro que se opõe. Essas vozes sociais que constituem as batalhas, em meio ao levante de vozes que tem sido o slam, têm rompido com o silêncio imposto pelos grupos antagônicos que sempre estiveram no poder e, apesar deles, o Poetry Slam continuará (re)existindo.