Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Porcionato, Gabriela Lanza [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/214391
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Resumo: |
O objetivo geral desta tese foi analisar as estratégias de legitimação utilizadas pela elite econômica de três empresas da indústria da construção civil brasileira (Construtora Camargo Corrêa, a Norberto Odebrecht Engenharia e Construção e a Construtora Andrade Gutierrez) no contexto de crise econômica e simbólica trazida pela Operação Lava Jato. Objetivamos entender as estratégias simbólicas e objetivas de manutenção no espaço social da indústria de construção brasileira como uma reelaboração da face (GOFFMAN, 1985), assim como identificar quais trunfos as empresas acionam nessa empreitada de ressignificação após o escândalo Lava Jato. A investigação de corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil, iniciada em março de 2014 e que foi intitulada Operação Lava Jato é, nas palavras do Ministério Público Federal (MPF), “a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro já realizada no Brasil”. (MPF, 2021, n.p.) A pesquisa se propôs a analisar o processo simultâneo de perda de prestígio e identificar as estratégias de retomada de legitimação das empresas em questão para se manterem como dominantes desse espaço. O processo de restruturação do setor, estamos chamando de reelaboração da face. A Lava Jato foi observada a partir da lógica sociológica presente na produção dos escândalos, dando ênfase aos agentes que ajudaram a construir a agenda do escândalo, a saber, agentes do Estado, procuradores da república, com destaque para Dallagnol e alguns agentes midiáticos. Apesar do setor ser associado reiteradamente a escândalos de corrupção, argumentamos que a operação Lava Jato levou a alterações antes nunca vistas no setor (por conta da corrupção), como mudanças de nome e de dirigentes. Parte dos reflexos da Lava Jato, deve-se, em nosso argumento, a produção da operação como escândalo, com desdobramentos inclusive na imprensa internacional. Os resultados da pesquisa demonstram que as empresas passaram a alterar as estratégias de legitimação, a partir de novas práticas, tais como o pedido de recuperação judicial, demissão de funcionários, mudança no conselho administrativo e vendas de ativos, nas quais são relacionadas ao âmbito econômico, mas que se sustentam a partir do simbólico, tais como a mudança na roupagem, (nome, cores e logo), cartas e pedidos de desculpa públicos, e um movimento chamado de Jornada da Transformação, que visa construir a transparência da empresa. Tomamos como referência ideias de Pierre Bourdieu para afirmar que os ritos de degradação (desclassificação) são o inverso dos ritos de consagração (classificação), pois, retiram dos agentes sinais/aspectos de reconhecimento e merecimento; reduzem-no ao nível de anônimo (sem prestígio), destituído de capital simbólico. Após a perda de cargos, afastamento da empresa, desligamento e desvinculação da imagem organizacional, as empresas passaram a reelaborar a face, por meio de documentos que falam de integridade, transparência, conformidade, honestidade, ética, negando a corrupção e comportamento desviante do passado. Na reelaboração da face, como resposta dos estigmatizados na busca da legitimação, as empresas operaram um processo de esquecimento e formação de nova memória pública, pois, as empresas decidem o que lembrar e o que esquecer (DOUGLAS, 1998). Dentre as memórias a serem esquecidas, temos o apagamento dos sobrenomes envolvidos na Lava Jato, sobrenomes que já foram motivos de honra e respeito na história da empresa. No que se refere ao referencial teórico, além de Pierre Bourdieu, Goffman e Douglas, outros autores como Luc Boltasnki e seus co-autores também foram acionados para as análises. |