As marcas da argumentação implementadas por licenciandos em espaços didático-pedagógicos durante o estágio supervisionado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cardoso, Nelson Leite
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253454
Resumo: A argumentação tem como propriedade o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo. Na perspectiva pedagógica, essa característica é utilizada como recurso auxiliar na estruturação do processo de ensino e aprendizagem visando a construção do conhecimento. A análise de como se configuraram a utilização didática dessa característica nas atividades do estágio supervisionado do curso de graduação de Licenciatura em Ciências (habilitação em Física) de uma Universidade Pública da Região Norte do país foi objeto de estudo dessa pesquisa. Avaliamos o domínio didático-pedagógico dos licenciandos na implementação de atividades que invistam na promoção da argumentação. Foram estabelecidos como instrumentos de coleta de dados alguns documentos elaborados pelos estagiários: o Plano de Aula do minicurso implementado elos estagiários e desenvolvido com alunos do Ensino Médio; gravações em áudio e vídeo dos momentos de reflexão em sala de aula como componentes da disciplina do Estágio Supervisionado, em que eles relataram suas impressões sobre as atividades desenvolvidas; entrevista realizada pelo pesquisador, cujo tema tratou sobre os significados dos termos Problematização, Estratégia de Raciocínio e Argumentação e sua utilização no ensino de Ciências e o Relatório Final do estágio. A análise dos dados centrou-se principalmente nos registros efetuados por uma dupla de estagiários, que desenvolveu a dinâmica de “Júri Simulado”, uma vez que esta opção didática utiliza necessariamente a argumentação como abordagem discursiva. Alguns referenciais teóricos foram tomados como parâmetros de análise e avaliação de resultados: a estruturação e tipologia de argumento; o uso de recursos potencializadores de argumentação (Problemas e Problematizações); os Propósitos e Ações Pedagógicos e Epistemológicos do professor para a promoção da argumentação e as Ações do Domínio Teórico-Prático para o uso da Argumentação. A finalização da avaliação contou com três categorias de situações argumentativas, a saber: ações que criam condições para o surgimento da argumentação; ações que geram e sustentam a argumentação e ações com base em sustentação epistemológica. Como resultado, constatou-se a predominância das ações e propósitos pedagógicos do professor para a promoção da argumentação, que por sua vez acarretaram uma maior incidência da primeira categoria geral de situações argumentativas, consideradas como ações em nível pragmático. Verificou-se que as ações da segunda categoria, caracterizadas como ações em nível argumentativo, por terem como condição a execução completa do ciclo argumentativo (proposição do argumento, contra-argumento e resposta) se mostraram com maior nível de dificuldade e baixa frequência de ocorrência. De forma semelhante as ações da terceira categoria (ações epistêmicas) que precisavam ser sustentadas por referenciais teóricos e/ou matemáticos também tiveram suas execuções comprometidas. As marcas da argumentação apresentadas pelos licenciandos confirmam a necessidade de maior investimento ainda na formação inicial do professor quanto ao domínio teórico-pedagógico da prática argumentativa. Nesse caso, além da perspectiva pedagógica da argumentação, que remete às ações do professor enquanto estratégia reguladora da aprendizagem, deve-se considerar a perspectiva epistêmica, que implica no aprender a argumentar atentando para a natureza do processo de construção do argumento e dos mecanismos cognitivos que são desencadeados.