Ajuste da concentração de aminoácidos da dieta de acordo com o ritmo circadiano de suínos em crescimento e terminação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Veira, Alini Mari [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/211018
Resumo: Na nutrição de suínos, as rações são formuladas de acordo com o estágio de crescimento dos animais e, predominantemente, uma única dieta é fornecida por um longo período dentro de um sistema de alimentação por fases. Nesse sistema, quando o objetivo é otimizar o desempenho de um lote de animais os nutrientes são, normalmente, fornecidos em excesso principalmente ao final de cada fase. Dessa forma, devido ao custo elevado dos alimentos, aliado a excreção de elementos poluidores, novas estratégias nutricionais devem ser propostas e avaliadas. Dentro desse contexto, programas que permitem fornecer uma dieta que atenda a exigência diária dos animais têm se demonstrados promissores uma vez que permitem reduzir custos e excreção de elementos poluidores. Nesse contexto de nutrição de precisão, torna-se relevante destacar que a eficiência de utilização dos nutrientes pode variar ao longo do dia, de acordo com as variações do estado metabólico (catabolismo e anabolismo) dos animais determinado pelo ciclo circadiano. Portanto, o ajuste da concentração nutricional da dieta às flutuações do estado metabólico dos suínos ao longo do dia pode ser uma estratégia promissora para melhorar o uso racional de nutrientes e consequentemente reduzir custos e impacto ambiental. Dessa forma, com essa tese objetivou-se avaliar os efeitos do ajuste da concentração de aminoácidos da dieta de acordo com o ritmo circadiano do estado metabólico de suínos sobre o metabolismo e desempenho zootécnico. Para isso foram realizados dois ensaios experimentais: (i) metabolismo e (ii) desempenho e composição corporal. No ensaio de metabolismo o objetivo foi avaliar balanço de nitrogênio e metabolismo de nutrientes de suínos alimentados com dietas com diferentes concentrações de aminoácidos nas refeições da manhã e da tarde, respectivamente. Um total de 24 suínos machos (peso corporal inicial de 35 ± 3,32 kg) foram alojados em gaiolas metabólicas e submetidos a três programas de alimentação (8 animais por tratamento). Um programa de alimentação diário (DP), onde uma dieta atendendo 100% das exigências em aminoácidos (AA) foi fornecida nas refeições da manhã e da tarde; e dois programas de alimentação sequencial (SEQ): programa de alimentação sequencial com redução e aumento em 40% na concentração de AA (SEQLH) no período da manhã e da tarde, respectivamente; e programa de alimentação sequencial com aumento e redução em 40% na concentração de AA no período da manhã e da tarde (SEQHL), respectivamente. O experimento metabólico teve duração de 21 dias, consistindo em 7 dias de adaptação e 14 dias de experimento. O balanço de nitrogênio (N) foi realizado utilizando o método de coleta total. Coletas de sangue foram realizadas nos dias 7 e 14 com duas coletas em cada dia: a primeira em jejum (pré-prandial) e a segunda 2,5 horas após a primeira refeição do dia (pós-prandial). O metabolismo de nutrientes foi mensurado por meio de análise das concentrações séricas ou plasmáticas de lactato, glicose, triglicerídeos, proteína total, albumina e ureia presentes no sangue. Os animais do SEQHL apresentaram uma tendência de menor ganho de peso diário (11%, P = 0,06), e tiveram uma pior eficiência alimentar (10%, P = 0,02) comparado aos DP e SEQLH. Contudo, os animais do SEQLH e DP apresentaram desempenho similares (P < 0,05). A excreção urinária de N foi mais alta (17%, P = 0,03) e a retenção de N (%) tendeu a ser menor para os animais do SEQHL comparado aos do SEQLH (7%, P = 0,08). Contudo, os animais do DP e SEQLH apresentaram balanço de N similares (P < 0,05). As concentrações plasmáticas de glicose pré-prandial foram maiores para os animais do SEQHL comparado aos do DP e SEQLH (5%, P = 0,04). No dia 7, as concentrações séricas de proteína total e albumina pré-prandial foram maiores para os animais do SEQLH comparado aos o DP e SEQHL (43 e 38%; P < 0,01). Os animais do SEQHL tiveram maior concentração sérica de ureia pós-prandial do que os do DP e SEQLH (28%; P < 0,01). Nesse primeiro estudo conclui-se, portanto, que o fornecimento de dietas com baixo e alto nível de AA nas refeições da manhã e da tarde, respectivamente, pode melhorar o metabolismo da proteína de suínos em crescimento. No segundo estudo objetivou-se avaliar o desempenho, a composição corporal e o balanço de nutrientes de suínos alimentados com dietas com diferentes níveis de decréscimo e aumento na concentração de AA nas primeiras e últimas 12 horas do dia, respectivamente. Um total de 68 suínos machos castrados (peso corporal inicial de 25 ± 2,67 kg) foram distribuídos em um delineamento de blocos ao acaso (peso corporal) em quatro tratamentos (17 animais por tratamento): programa de alimentação diário (DP), onde uma dieta contendo 100% da concentração de AA foi fornecida 24 horas por dia; e três programas de alimentação sequencial (SEQ), com diferentes níveis de variação na concentração de AA, em que os suínos receberam uma dieta com redução (-20, -30, -40%) da concentração de AA de 0000 a 1159 h ( período 1; P1) e aumento (+20, +30, +40%) de 1200 a 2359 h (período 2; P2), respectivamente. O experimento teve duração de 82 dias (25 a 100 kg), dividido em três fases experimentais. As análises estatísticas consistiram em avaliar a comparação entre os programas de alimentação (DP vs SEQ) e as respostas linear e quadrática de acordo com o aumento da concentração dos níveis de AA na dieta. Durante a fase 1, o consumo médio diário de ração, consumo médio diário de lisina, peso corporal e proteína corporal tenderam (P <0,09) a aumentar de forma quadrática com o aumento da variação nos níveis de AA da dieta, enquanto o lipídio corporal aumentou (P <0,03) quadraticamente com o aumento da variação nos níveis de aminoácidos da dieta. Durante a fase 2, a eficiência alimentar aumentou (P = 0,01) linearmente com o aumento da variação nos níveis de AA da dieta, enquanto que o ganho de peso e ganho de proteína tenderam (P = 0,09) a aumentar de maneira linear com a variação na dieta os níveis de AA aumentaram. Durante a fase 3, os animais do SEQ, quando comparados ao grupo DP, apresentaram desempenho e composição corporal semelhantes (P > 0,05), contudo uma tendência para maior excreção de N foi observada (12%; P = 0,05). Portanto, os resultados do presente estudo indicam que o ajuste das concentrações de AA na dieta de acordo com o ritmo circadiano (estado de catabolismo e anabolismo) melhora a deposição de proteína para suínos de 25-50 kg. Além disso, este ajuste tende a aumentar ganho de peso diário, peso e proteína corporal para suínos de 50-70 kg. Essas melhores respostas foram observadas em redução e aumento de 40% nas primeiras e nas últimas doze horas do dia, respectivamente, na recomendação dos níveis de aminoácidos da dieta.