Identidade goiana e o mito do atraso na obra de Hugo de Carvalho Ramos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Sanches, Thiago [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/255439
Resumo: O presente trabalho propõe uma reflexão acerca da obra Tropas e Boiadas (1917), de Hugo de Carvalho Ramos e sua inserção no regionalismo. Partindo de pesquisa histórica realizada ao longo da dissertação de mestrado, quando se rastreou os viajantes e comerciantes que frequentavam o Caminho do Anhanguera, o atual trabalho procurou identificar elementos históricos na narrativa do escritor goiano, utilizando as noções de contrabando cultural em regiões de fronteira e reinterpretações acerca da definição de regionalismo, respaldadas por autores como Lea Masina, Ricardo Kaliman e Paulo Sérgio Nolasco. Nas investigações que buscaram compreender a influência de mão dupla entre a memória individual do escritor e a coletiva de sua sociedade, identifica-se uma cadeia vetorial de produção, definida da seguinte forma: Nostalgia – Memória – Fruição – Escrita. Mais adiante, ao se debruçar nos procedimentos criativos do autor da obra, nota-se uma relação entre as questões de identidade individual e coletiva que se desenvolveram em torno de uma disputa histórica entre as noções de atraso e progresso, tradicionalmente imbricadas nas visões de administradores, historiadores, escritores e diferentes indivíduos nascidos em Goiás. O ano de publicação do livro Tropas e Boiadas, 1917, se insere em um contexto de disputas de narrativas sobre o papel que deveria exercer o estado esmeraldino na construção de uma integração nacional. Assim notou-se que Victor de Carvalho Ramos, o irmão do jovem autor, trabalhou para alcançar uma inclusão compulsória dos textos carvalhianos no rol das produções regionalistas, após seu trágico suicídio. Por outro lado, a presente análise entende que ao se dimensionar um paralelo entre a obra de Hugo de Carvalho Ramos e outras produções tradicionalmente consideradas pela crítica como regionalistas, percebe-se um diferencial que permite algumas ressalvas ao regionalismo dos textos do autor estudado. Ao contrário de outros escritores que partem do elemento geográfico para alcançar os aspectos humanos, o contista goiano prefere percorrer o caminho inverso. Mesmo quando realiza precisas descrições e exalta a paisagem, foca em aprofundar o leitor nas personagens e propor reflexões que provocam fruições sobre pontos universais. Portanto a preocupação premeditada com o enaltecimento da paisagem regional e, consequentemente, um comprometimento pensado com o regionalismo, não pode ser visto de maneira tão assertiva no livro analisado. Ao final, realiza-se uma breve comparação com outras produções, a fim de atestar as especificidades apontadas.