Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Alvarado, Daniela Vesga [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/258643
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Resumo: |
O objetivo do primeiro estudo foi examinar, através de uma metanálise, os efeitos dos fenótipos de consumo alimentar residual (CAR) sobre o desempenho, a utilização de nutrientes e as características de qualidade da carne em bovinos zebuínos (Bos indicus). O estudo inclui dados de 23 publicações revisadas por pares, abrangendo 37 médias de tratamento. Foram comparados bovinos classificados como baixo CAR (mais eficientes) versus os grupos médio ou alto CAR (menos eficientes), utilizando análise de diferença de média ponderada. Considerou-se também a heterogeneidade dos dados por meio de meta-regressão e análise de subgrupos, examinando fatores como idade dos animais, classe sexual, duração experimental, grupo de CAR, nível de concentrado na dieta e ingestão estimada de energia metabolizável. A principal raça de bovinos representada no conjunto de dados foi a Nelore (89,18%), seguida pela Brahman (10,81%). Os bovinos com o fenótipo baixo CAR apresentaram consumo de matéria seca (CMS) menor (P < 0,01) em comparação com aqueles dos grupos médio ou alto CAR (-0,95 kg versus -0,42 kg/d). Embora a digestibilidade da proteína bruta e da fibra na dieta tenha sido semelhante entre os grupos de CAR (P > 0,05), a digestibilidade do extrato etéreo tendeu a diminuir em animais de baixo CAR (-13,20 g/kg MS; P = 0,050). Os bovinos de baixo CAR também tenderam a apresentar uma área de olho de lombo (AOL) maior (P = 0,065) em comparação com os grupos de CAR alto/médio, mas tiveram espessura de gordura subcutânea (EGS) reduzida (P = 0,042). Além disso, os animais de baixo CAR exibiram um aumento de 0,22 kg na força de cisalhamento (WBSF; P < 0,001) e uma diminuição no índice de fragmentação miofibrilar (MFI; P < 0,001). Os parâmetros de cor da carne, como luminosidade (L*) e intensidade de amarelo (b*), assim como o escore de marmoreio, permaneceram consistentes entre os grupos de CAR (P > 0,05). Em conclusão, bovinos Zebuínos identificados como eficientes (baixo CAR) mostraram uma eficiência alimentar (EA) superior devido ao menor CMS. No entanto, Zebuínos com baixo CAR também exibiram menor EGS, além de piores características de qualidade da carne, tais como maciez (maior WBSF e menor MFI) e intensidade do vermelho (a*), enfatizando a dificuldade de melhorar simultaneamente a EA e a qualidade da carne desses animais. O objetivo do segundo estudo foi comparar bovinos Nelore terminados em confinamento e divergentes quanto ao CAR sobre o desempenho, CAR, características de carcaça e qualidade da carne. Um teste de EA foi realizado com 96 bovinos Nelore, com peso vivo inicial de 400 ± 23 e 24 meses de idade, alojados em um curral coletivo equipado com três balanças estáticas conectadas aos bebedouros e treze comedouros eletrônicos, avaliando diariamente o consumo de matéria seca (CMS) e o ganho de peso corporal ao longo de 70 dias. Ao final do teste de EA, os animais foram classificados em baixo CAR (eficientes), médio e alto CAR (ineficientes). Os animais foram abatidos com peso corporal final de 520 ± 31 kg após 120 dias de alimentação. Características de carcaça como peso de carcaça quente (PCQ), AOL, e EGS foram avaliadas. Na desossa, o músculo Longissimus thoracis et lumborum (entre as 12ª e 13ª costelas) foi coletado para análises de qualidade da carne, tais como cor (L*, a*, b*), capacidade de retenção de água, perda de cozimento, força de cisalhamento (WBSF), teor de gordura intramuscular (IMF), substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e índice de fragmentação miofibrilar (MFI) aos 5 e 15 dias post-mortem. Testes sensoriais (n = 120 consumidores não treinados) foram realizados para avaliar maciez (MA), sabor (SA), suculência (SU) e aceitação geral (AIG) utilizando amostras maturadas por 15 dias. Além disso, uma análise de lipidômica direcionada foi conduzida comparando os grupos de baixo versus alto CAR. Os dados foram analisados utilizando o procedimento GLM, com o peso vivo inicial como covariável. Efeitos significativos foram considerados em P < 0,05, enquanto tendências foram consideradas quando 0,05 ≤ P < 0,10. Animais de baixo CAR (n=20), em comparação com os de alto CAR (n=20), foram diferentes (P<0,05) em desempenho produtivo, especificamente no CMS (9,14 ± 0,64 versus 10,42 ± 0,56 kg/dia; 1,72 ± 0,01 versus 1,92 ± 0,02 %PV), eficiência alimentar bruta (0,17 ± 0,00 versus 0,15 ± 0,00 kg/kg), taxa de conversão alimentar (6,06 ± 0,11 versus 6,74 ± 0,13 kg/kg) e CAR (-1,22 ± 0,01 versus 1,33 ± 0,02 kg/dia). Diferenças (P < 0,05) foram encontradas comparando baixo versus alto CAR para PCQ (288,02 ± 5,20 versus 290,34 ± 8,58 kg) e EGS (4,75 ± 0,45 versus 5,61 ± 0,50 mm), enquanto uma tendencia (P = 0.078) de aumento vou verificada sobre a AOL ((86,05 ± 1,30 versus 82,91 ± 1.46) cm2) e não se evidenciou diferenças (P > 0,05) para MAR. Quanto à qualidade da carne, houve redução no MFI (27,04 versus 32,15) e no teor de IMF (1,43 versus 1,75%) nos bovinos baixo CAR em comparação ao alto CAR (P < 0,005) aos 5 dias post-mortem. No entanto, não foram observadas diferenças (P > 0,05) na carne em relação ao pH, L*, a*, b*, perda de cozimento, capacidade de retenção de água, perda por gotejamento, WBSF e TBARS. Após 15 dias de maturação, L*, estabilidade da cor e variáveis de MFI aumentaram (P < 0,001), enquanto o pH, a*, b* e WBSF (P < 0,001) diminuíram. Na análise sensorial, os animais de baixo CAR apresentaram menor SU (58,91 ± 1,46 versus 55,3 ± 1,48; P<0,05) e AIG (58,3 ± 1,4 versus 63,6 ± 1,4; P < 0,01) em comparação com alto CAR. A análise lipidômica identificou 60 moléculas lipídicas que diferiram (P < 0,05) entre os grupos de baixo e alto CAR. Esses compostos incluem diglicerídeos (DG), ácidos graxos (AG), fosfatidilcolinas (PC), fosfatidiletanolaminas (PE), esfingomielinas (SM) e triglicerídeos (TG). Regulação positiva dessas classes de lipídios foram identificadas nos animais de baixo CAR em comparação com os de alto CAR, as quais envolveram função mitocondrial, lipídios de armazenamento e glicerofosfoetanolaminas. Em conclusão, a melhor EA em animais de baixo CAR resulta em carcaças mais magras e mais pesadas, porém reduz a gordura intramuscular da carne. Diversas mudanças no lipidoma de bovinos Nelore foram identificadas, explicando possíveis vias metabólicas em animais eficientes (baixo CAR) comparados aos ineficientes (alto CAR). Essas mudanças combinadas afetaram negativamente as características físico-químicas e sensoriais de qualidade da carne, particularmente SU e AIG no grupo baixo CAR. |