A comunidade fitoplanctônica do reservatório de Itupararanga (Votorantim-SP) e a problemática das cianobactérias e cianotoxinas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Machado, Leila Dos Santos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/235274
Resumo: Reservatórios tropicais, em geral, são suscetíveis ao processo de eutrofização artificial, devido aos seus múltiplos usos. Além disso, as mudanças climáticas influenciam os regimes de precipitação, afetando a hidrologia destes ecossistemas, alterando vazão, tempo de retenção, promovendo estratificação da coluna da água, favorecendo o aporte de efluentes e processos de lixiviação. Assim, a produtividade primária é diretamente influenciada, devido a estas alterações na composição da comunidade fitoplanctônica, as quais estão relacionadas à sensibilidade e tolerâncias ambientais que as espécies de fitoplâncton possuem. Uma forma de analisar a resposta destes organismos a alterações ambientais é por meio da aplicação dos grupos funcionais, que consiste em agrupar espécies com as mesmas características ecofisiológicas, e que respondem de maneira similar às alterações das condições ambientais. Em ambientes eutrofizados, é comum que cianobactérias sejam dominantes, devido às suas adaptações ecofisiológicas relatadas em diversos estudos no Brasil e no mundo. O reservatório de Itupararanga, responsável pelo abastecimento de grande parte da cidade de Sorocaba e região, foi avaliado como eutrófico e supereutrófico em estudos recentes. No presente estudo, dentre os organismos fitoplanctônicos analisados, foi observada a dominância da cianobactéria Raphidiopsis raciborskii. No período chuvoso, porém, a biomassa de R. racibosrkii diminuiu drasticamente, sugerindo sensibilidade da espécie à estratificação térmica da coluna da água, que ocorreu neste período. Contudo, quando houve a diminuição da biomassa de R. raciborskii, foi observada alternância na ocorrência de outras espécies potencialmente tóxicas como Aphanizomenon gracile e Dolichospermum spp. Esta resposta foi mais evidente na região fluvial do reservatório, a qual é a mais afetada pelo aporte de efluentes domésticos. A presença de cianotoxinas (saxitoxinas e microcistinas) foi analisada, de modo que as concentrações de saxitoxina foram relativamente maiores em comparação com as microcistinas, porém ambas estiveram abaixo dos limites determinados pela legislação. Não foi observada correlação significativa entre os teores de saxitoxina e a biomassa de R. raciborskii, o que sugere que possa haver alternância entre o desenvolvimento de cepas tóxicas e não tóxicas no reservatório, ou ainda, que a saxitoxina seja liberada em condições de estresse, já que os maiores teores foram observados no período chuvoso, quando a biomassa de R. raciborskii foi menor. Ainda que a saxitoxina tenha sido encontrada em baixas concentrações, esta toxina foi identificada em todas as cinco campanhas realizadas entre os anos de 2016 e 2017, evidenciando sua permanência constante no reservatório. Neste sentido, ensaios ecotoxicológicos foram elaborados com a finalidade de avaliar a toxicidade da saxitoxina em uma espécie nativa de quironomídeo, utilizando as concentrações próximas às ambientais identificadas para o reservatório. A hipótese inicial do estudo foi confirmada, ainda que as concentrações de saxitoxina testadas estejam dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação, a exposição crônica à baixos teores de saxitoxina foi capaz de causar danos aos organismos.