Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Fagundes, Beatriz |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/157227
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Resumo: |
Atualmente, muitas paisagens mostram a conflituosa relação que foi sendo estabelecida entre as cidades e as águas ao longo da história. Um modelo de planejamento urbano voltado para a cidade ideal e higiênica não considerou as águas como um elemento integrante do meio urbano e, sim, na maioria das vezes, como parte de um sistema artificial de tubulações, redes entrelaçadas de canalização fluvial, de distribuição de água potável e coleta e afastamento de águas pluviais e residuais. Neste circuito, as águas fluviais da cidade, que faziam parte de um sistema aberto maior e de troca de relações, passaram a ser confinadas por obras de engenharia – retificações e canalizações - que mudaram seu percurso, suas características e sua função, na tentativa de controle dessas águas. Esta ideia, abraçada pelos administradores de grandes centros brasileiros, levou pequenas e médias cidades a também adotarem a mesma postura, como forma imediatista de resolver problemas de áreas de fundo de vale degradadas pelo próprio movimento de estruturação da cidade. Assim, as intervenções realizadas, principalmente, nos cursos d’água, passam a ser vistas de forma natural, como se a canalização fosse o destino final para as águas urbanas. A partir destas constatações começamos a observar, na vivência cotidiana na cidade de Presidente Prudente, São Paulo, Brasil, poucos ambientes com a presença da água, que a população possa ter acesso, como fontes, córregos e lagos. Isso nos chamou a atenção, principalmente, quando temos conhecimento que a cidade de Presidente Prudente foi se sobrepondo a um denso sistema hidrográfico, constituído por nascentes e pequenos cursos d’água, ou seja, vários córregos que fazem parte das bacias hidrográficas do Rio Santo Anastácio e do Rio do Peixe. Os cursos d’água quando aparecem, aqui e ali, geralmente, estão com canalização aberta, alguns inseridos em parques lineares. Aqueles que ainda não foram canalizados estão quase todos cercados, sem acesso da população, ou degradados com processo erosivo intenso, assoreados e com muito lixo acumulado em suas margens e nas áreas adjacentes ao córrego. Considerando essas verificações, lançamos como hipótese que as relações que foram construídas, ao longo do tempo, entre a cidade de Presidente Prudente e suas águas e, a falta de ambientes que valorizem essas águas na paisagem urbana, em sua maioria, criaram representações negativas em relação a essas águas e desencadeiam, muitas vezes, práticas depreciativas em relação às águas ainda presentes. Propomos assim, para averiguação dessa tese, compreender as relações que historicamente foram estabelecidas entre a cidade de Presidente Prudente e suas águas (nascentes, córregos e lagos), que justificariam representações sociais negativas em relação às águas ainda presentes na paisagem urbana. Para alcançar tal objetivo foram necessários os seguintes procedimentos: amplo levantamento bibliográfico sobre a temática apresentada; a análise de documentos que revelaram as diversas ações do poder público em relação aos córregos urbanos, ao longo do tempo; o acesso à memória e às representações sociais em relação às águas na cidade, que foi possível através da História Oral e da Teoria das Representações e as estratégias de pesquisa associadas a essas. Assim, analisando o conjunto da pesquisa podemos afirmar que, as águas da cidade de Presidente Prudente ficaram sim apenas na memória daqueles que um dia as presenciaram limpas na paisagem e, para aqueles que não tiveram essa oportunidade e, mesmo para quem teve, hoje esses córregos são apenas galerias por onde percorre um líquido que carrega sujeira que a cidade produz. O rio não está mais ali, o que ele representa hoje é toda a negatividade que sua presença na cidade pode trazer como o lixo, esgoto, mau cheiro, insetos e perigo. Essas águas na opinião dos moradores precisam ser escondidas, elas não pertencem mais a cidade. Desta forma, este estudo pretende trazer uma contribuição para a gestão pública municipal, para que a cidade possa vir estabelecer outra relação com as águas que ainda permanecem na sua paisagem, para que estas sejam incorporadas à cidade e à vida da população de forma salutar, e se possível ampliar a qualidade de vida urbana. |