Equidade no acesso e permanência no ensino superior: o papel da Educação Matemática frente às políticas de ações afirmativas para grupos sub-representados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Guilherme Henrique Gomes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/144591
Resumo: Este estudo discute possibilidades de inclusão social e racial no ensino superior brasileiro, relacionando a educação matemática com as políticas de ações afirmativas. Seu propósito foi compreender como a educação matemática poderia contribuir para a permanência e progresso acadêmico de estudantes de cursos superiores da área das ciências exatas, beneficiários de ações afirmativas. A pergunta que norteou a pesquisa foi a seguinte: “No ensino superior, para beneficiários de ações afirmativas de cursos da área das ciências exatas, quais aspectos da educação matemática têm contribuído para sua retenção e progresso acadêmico?”. Utilizando-se uma abordagem de inquérito qualitativa e a metodologia de estudo de caso, a produção dos dados deste estudo foi dividida em duas etapas. Na primeira, caracterizada por dados provenientes de uma pesquisa documental, buscou-se sistematizar informações que pudessem fornecer um quadro mais amplo em relação ao tratamento das ações afirmativas nas universidades federais da região sudeste do Brasil. Na segunda etapa, realizaram-se entrevistas semiestruturadas com docentes, gestores e estudantes beneficiários de ações afirmativas ingressantes em cursos superiores da área das ciências exatas de duas universidades federais brasileiras. Para a organização e análise dos dados, utilizou-se de ferramentas analíticas da análise de conteúdo, tendo como perspectiva teórica o inquérito crítico. O processo propiciado pela leitura e imersão nos dados permitiu a atribuição de palavras-chave e códigos, bem como a construção de categorias e temas, os quais eram comparados na medida em que mais análises eram feitas, modificando-se sempre que necessário. Os resultados deste trabalho indicam que as politicas de ações afirmativas demandam uma ampla e profunda reflexão teórica, assim como a elaboração de propostas educacionais específicas. Em especial, chamam a atenção para as possibilidades de engajamento da educação matemática nas dimensões de ingresso e permanência das ações afirmativas, enfatizando elementos significativos para a retenção e progresso acadêmico dos estudantes beneficiados. Além disso, este estudo indica a existência de aspectos relevantes para o fomento e a manutenção das políticas de ações afirmativas que estão inseridos no cotidiano de docentes que atuam em cursos de exatas, os quais se mostraram ligados tanto a práticas pedagógicas e não pedagógicas quanto a perspectivas e anseios frente à utilização e tratamento destas políticas. Este trabalho também levanta reflexões significativas para a educação matemática sobre elementos que contribuíram para a integração social e acadêmica no percurso universitário dos estudantes que participaram do estudo, bem como suas estratégias e dificuldades acadêmicas relacionadas com a matemática. Ademais, esta pesquisa traz fortes indícios de que, mesmo com direitos especiais legitimados por meio das ações afirmativas, muitos estudantes continuam convivendo com a violência estrutural ao longo de seu percurso na universidade, fato que pode influenciar diretamente sua permanência e progresso acadêmico. Estas questões, que vão além do pedagógico, mostraram-se conectadas principalmente com a sobrevivência material na universidade e com as microagressões experienciadas diariamente por estes alunos, tanto em ambientes sociais quanto acadêmicos do campus.