Do diário ao abaixo-assinado: transição entre mundos discursivos e capacidades de linguagem na progressão da aprendizagem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Thaís Cavalcanti dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192439
Resumo: Trata-se de uma pesquisa de intervenção pedagógica que objetiva identificar as possíveis transferências e adaptações operadas nas capacidades de linguagem e na mobilização de conceitos ao se produzirem gêneros de agrupamentos distintos (um diário e um abaixo-assinado). Fundamentam teoricamente a pesquisa tanto a Psicologia Histórico-Cultural, por meio das contribuições sobre aprendizagem e desenvolvimento, com a noção de zona de desenvolvimento proximal, e sobre o processo de formação de conceitos espontâneos e científicos (VIGOTSKI, 1991, 2009) quanto o Interacionismo Sociodiscursivo, no qual amparamos a noção de gênero como instrumento promotor de aprendizagem e desenvolvimento (SCHNEUWLY, 1994, 2004) e de onde extraímos as categorias de análise textual (BRONCKART, 2009) que permitem observar as capacidades de linguagem dos aprendizes (DOLZ, PASQUIER, BRONCKART, 1993). A produção dos dados da pesquisa foi metodologicamente orientada pela Engenharia didática, por meio do procedimento das Sequências didáticas (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004) e da modelização didática dos gêneros (DE PIETRO e SCHNEUWLY, 2003; SCHNEUWLY e DOLZ, 2004). Na preparação da pesquisa, foram feitas adaptações nas práticas sociais de referência dos gêneros diário íntimo e pessoal e abaixo-assinado a fim de torná-los objetos de ensino; posteriormente estes gêneros foram inseridos em uma sequência didática desenvolvida com estudantes concluintes do ensino médio prevendo a produção de um diário, no início, e a de um abaixo-assinado, no final. A confrontação entre os resultados das produções de três desses estudantes revelou como potencialidades de um trabalho com estes dois gêneros promover o trânsito de uma esfera íntima para uma esfera social, com um percurso que tende a sair do plano figurativo para o plano temático, com uma densidade maior de substantivos abstratos que podem remeter a conceitos. Também se destaca a possibilidade de abordagem de conhecimentos escolares (e conceitos científicos), propiciada pela elasticidade desses gêneros no contexto escolar, entretanto foram evidentes as dificuldades no desdobramento desses conceitos para articulá-los às situações empíricas propostas, o que confirma a hipótese de desconexão entre o que se aprende na escola e as situações vivenciadas. Nossa investigação também apontou um comportamento de autorregulação na correção de algumas marcas formais dos gêneros e na adequação à situação de produção entre o rascunho e a versão definitiva do abaixo-assinado, algo que pode ser atribuído à eficiência do instrumento de checagem que foi oferecido aos produtores para revisar o texto. Verificamos, assim, que tanto o diário quanto o abaixo-assinado oferecem possibilidade de operar o trânsito entre situações extraídas da realidade empírica e as elaborações intelectuais que lhes sirvam como explicação ou suporte. O maior desafio a ser enfrentado é a tendência de segmentação entre esses “mundos” discursivos, entre teoria e prática, entre a apropriação de conhecimentos escolares, a formação de conceitos científicos e situações potencialmente enfrentadas no cotidiano escolar ao se produzirem textos.