Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Guimarães, Isabelle dos Santos |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/217541
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Resumo: |
A pesquisa tem como objetivo analisar o diálogo entre as ballades de Victor Hugo e poemas da segunda geração romântica brasileira afiliados ao gênero da balada, em particular composições de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães. Os poemas que constituem o corpus pertencem à obra Odes et Ballades (1826), de Victor Hugo, Lira dos Vinte Anos (1853), de Álvares de Azevedo e Poesias (1865), de Bernardo Guimarães, tendo sido adotada a perspectiva comparatista para o estudo proposto dos desdobramentos da balada entre a obra de Hugo e a dos poetas brasileiros aqui considerados. A balada, como gênero híbrido, flexível e de origem medieval (D’ONOFRIO,1995) ressurge no romantismo francês como uma forma de contestação dos modelos da poesia neoclássica. Com efeito, a teoria dos contrastes tratada pelo Prefácio a Cromwell (1827), de Hugo, como traço que distingue a sensibilidade dos românticos daquela cultivada pela arte dos antigos, é contemporânea ao lançamento das ballades. Assim, assinala o questionamento do modelo clássico por constituir elemento importante do projeto estético que orienta Odes et Ballades. As baladas permitem a Hugo flexibilizar as regras de verossimilhança e temas canonizados pela perspectiva clássica, bem como o decoro imposto aos gêneros, para o cultivo ritmos inventivos cujas modulações geram atmosfera propícia ao desenvolvimento de um universo poético onírico e fantástico. Essa parece ser a referência deixada por Odes et ballades a Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães, que criaram poemas tributários ao gênero da balada a partir de imagens e procedimentos que atestam a linhagem hugoana, porém, desenvolvidas de acordo com as disposições próprias de seus projetos estéticos, o que resulta em variações temáticas e procedimentais que demonstram o caráter flexível da balada. Em nosso trabalho, consideraremos a circulação e a recepção de Odes et Ballades, de Hugo junto aos românticos brasileiros a partir de trabalhos como o de Carneiro Leão em Victor Hugo no Brasil (1960), que permite considerar o caráter inovador, representado para o romantismo brasileiro, pela poesia de Victor Hugo. Presença frequente em periódicos brasileiros e estrangeiros, sobretudo portugueses e franceses, que circulavam entre nós, a obra de Victor Hugo marca o ambiente letrado brasileiro até o final do século XIX. Considerando, pois, essas circunstâncias, a pesquisa busca discutir as inovações representadas por Odes et Ballades para o romantismo, o diálogo estabelecido pelas obras de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães com essa coletânea de poemas de Hugo, em particular no que concerne ao ideário estético partilhado por Odes et Ballades e algumas criações de nossos românticos. Tal perspectiva orientará o estudo comparado entre baladas de Hugo e composições de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães. No diálogo das baladas de Hugo e Álvares de Azevedo, grosso modo, constata-se que os motivos hugoanos são vertidos nos poemas de Lira dos vinte anos sob uma espécie de adensamento da atmosfera subjetiva e aproximação da realidade íntima a partir do cultivo da estética dos contrastes. Já em Bernardo Guimarães, o diálogo com as baladas de Hugo é sobretudo paródico e permite a aclimatação de motivos tradicionais do romantismo a sugestões da realidade brasileira, bem como a exploração da estética dos contrastes como plataforma para o experimentalismo estético que atesta a consciência dos lugares-comuns cristalizados pelo romantismo. |