Investidas das empresas de agrotóxicos no meio musical: imposição mercadológica para a territorialização do agronegócio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Carvalho, Fábio Simoni Homem de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253531
Resumo: Esta pesquisa buscou investigar a relação do agronegócio com a indústria cultural através das investidas das empresas de agrotóxicos no meio musical brasileiro. Tais investidas foram identificadas e analisadas enquanto uma das estratégias de expansão das empresas de agrotóxicos em benefício da territorialização do agronegócio. Foram listados 153 projetos na área musical que receberam, via Lei Rouanet, dinheiro de 31 empresas de agrotóxicos. No caso das parcerias com governos estaduais e prefeituras, são apresentados 15 exemplos de eventos musicais. Já de patrocínio direto, 22. Tais projetos e eventos são diversificados e surpreendentemente representam a totalidade da música produzida no Brasil, com participação de inúmeros músicos, famosos ou não, do erudito ao popular, da música instrumental à folclórica. Isso amplia a relação destas empresas com a sociedade e permite que elas não só divulguem suas marcas, mas também construam uma imagem positiva de si mesmas. Essa imagem positiva, por sua vez, favorece as articulações empresariais e o lobby político, contribuindo também com o aumento contínuo tanto da venda de agrotóxicos quanto dos danos sócio-sanitários-ambientais causados pela aplicação destes produtos. Diante disso, este trabalho é dividido em três capítulos. O primeiro trata da territorialização do agronegócio e da expansão das empresas de agrotóxicos, chamando a atenção para as evidências e pesquisas sobre os danos sócio-sanitário-ambientais e para os tipos de irregularidades e infrações cometidas por estas empresas. O segundo capítulo apresenta elementos que contextualizam as investidas das empresas de agrotóxicos no meio musical, como o funcionamento da indústria cultural para maximizar público, fidelizar audiência e lucrar com publicidade, a expansão das gravadoras estrangeiras no Brasil, a construção do gosto musical a partir da ideia de modernidade, os aspectos do mercado da música em consonância com o mercado dos agrotóxicos, a relação da música sertaneja com o agronegócio e a alienação do trabalho enquanto parte do processo da exploração capitalista também presente na relação entre empresas de agrotóxicos e o meio musical. Por fim, o terceiro capítulo associa tal relação à redução dos investimentos públicos em cultura por conta das políticas neoliberais, além de apresentar os dados, os projetos e eventos que atestam e justificam o objetivo desta pesquisa.