Sobre a subjetividade e a objetividade na obra de Pierre Bourdieu: uma investigação conceitual

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Seabra Santos, Bruno Vinícius Borges de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214525
Resumo: A obra de Pierre Bourdieu tem sido amplamente estudada em diversas áreas do conhecimento. Encontramos, de maneira recorrente, pesquisas na Pedagogia, História, Psicologia, entre outras, que procuram relacionar as observações, empíricas e teóricas, com as propostas descritas por esse autor ao longo de sua trajetória. Sua teoria instiga o debate multidisciplinar, pois, além de vasta, abarca inúmeras possibilidades de articulação. Seus principais conceitos – habitus, campo social e capital – ensejam complexidades que demandam a ampliação das discussões acerca da constituição do homem no mundo. Para além disso, permitem pensar a relação que o autor propõe entre a objetividade e a subjetividade, desde seus primeiros trabalhos. De início, o autor determina uma relação entre o estruturalismo e a fenomenologia, tendo a praxiologia como resultado, para dar conta desse problema. Porém, notamos, ao longo dessa dissertação, que conforme sua carreira avançou, o autor expandiu o debate acerca dos condicionantes para a formação do habitus. Bourdieu acreditava que os campos sociais funcionam em uma lógica de jogo, de competição, em que o agente busca ascender em suas posições, procurando sair da condição de dominado, ou se mantendo enquanto dominante. O que ocorre é que o autor percebeu que esse jogo abarca tensões e angústias para aqueles que disputam mas, mesmo assim, consegue fazer com que haja aceitação e interesse tácito em participar. Esse interesse é um dos problemas que procuramos investigar. Ele passa por uma via que Bourdieu chamou de inconsciente, ou aquilo que ele entendeu como a “história social esquecida”, internalizada e objetivada, porém recalcada. Na medida em que avançou nessa pesquisa, o sociólogo percebeu que a menção à ideia de “interesse” se torna um problema, pois parece conceder um sentido puramente racional à ação. Por esse motivo, esse conceito é abandonado e substituído pela illusio. Acreditamos que essa menção representa uma revolução metateórica na obra do autor, o que nos distanciou da percepção inicial que previa o agente como mero reprodutor das disposições idiossincráticas dos campos. Não podemos afirmar que os indivíduos são “marionetes” do contexto, da estrutura, uma vez que o desejo de participar do jogo social não se apresenta como simples fator da vontade individual, mas da relação subjetiva com a história objetificada do meio, responsável por imputar, por via da violência simbólica, o desejo constante por reconhecimento. A partir dessas observações, notamos maior abertura do autor à incorporação do conceito de “sujeito” em sua obra, bem como de relações com algumas proposições bastante presentes nos meios psicológicos e psicanalíticos, sobretudo nos seus escritos finais. Por esse motivo, procuramos organizar o texto de maneira cronológica para compreendermos o desapego crescente do autor, ao longo dos anos, do estruturalismo ortodoxo. Nesse sentido, defendemos que Bourdieu é um autor importante para o conhecimento da Psicologia, pois não concedeu maior importância às questões objetivas ou subjetivas de constituição do sujeito. Entendemos que ele procurou, em realidade, compreender essa tênue e conflituosa relação.