Performance de escores de risco cardiovascular na predição de mortalidade dez anos após Síndrome Coronariana Aguda

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Petek, Amanda Aparecida [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/152090
Resumo: Introdução: Os escores de risco cardiovascular foram desenvolvidos, em sua maioria, em população aparentemente sem doença cardiovascular (DCV), portanto as suas conclusões dizem respeito à prevenção primária, não se aplicando a pacientes com doença coronariana diagnosticada. Além disso, os escores prognósticos utilizados após síndromes coronarianas agudas (SCAs) avaliaram a mortalidade apenas a curto prazo. Objetivos: O objetivo do presente estudo é avaliar a performance do escore de risco de Framingham (ERF) e do escore proposto pela American College of Cardiology e da American Heart Association (ACC/AHA) em predizer a mortalidade em pacientes dez anos após SCA. Casuística e métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo que incluiu pacientes com idade ≥ 18 anos, com SCA, que estiveram internados na Unidade de Terapia Intensiva Coronariana (UTI) do Hospital das Clínicas de Botucatu – UNESP, no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2006, e que apresentavam os exames para o cálculo dos escores de risco cardiovascular. Foram excluídos os pacientes cujo desfecho final em dez anos não foi obtido ou aqueles não aceitaram participar do estudo. Os ERF e o ER ACC/AHA foram calculados e a mortalidade avaliada dez anos após a SCA. Resultados: Foram avaliados 451 pacientes com SCA internados na UTI coronariana. Destes 122 foram excluídos pois a mortalidade 10 anos após a internação na UTI não foi obtida. Logo, 329 pacientes com idade média de 62,913,0 anos foram estudados. Dentre esses pacientes, 58,4% eram homens e 44,4% morreram no período de 10 anos após a internação. Destes 63% apresentaram SCA sem supradesnivelamento do segmento ST enquanto 37% apresentaram IAM com supradesnivelamento do segmento ST. Quando comparamos esses dois grupos de SCA, a mortalidade foi semelhante (p=0,97). A mediana do ERF foi de 16 (14-18) %, e do ER ACC/AHA foi 18,5 (9,1-31,6). Os pacientes que evoluíram ao óbito eram mais velhos, e apresentavam maiores valores de creatinina, ureia e potássio, e menores valores de colesterol total na admissão da UTI. Além disso, é interessante observarmos que os pacientes que evoluíram ao óbito apresentaram maiores valores dos escores. No entanto, quando classificamos os pacientes em alto risco cardiovascular, apenas o ER ACC/AHA foi associado com a mortalidade. A área sob a curva (AUC) da associação do ERF com a mortalidade em 10 anos é 0,6307, com IC95%: 0,5708-0,6905, e valor de p <0,001. O ponto de corte do ERF associado com maior mortalidade é > 14,3% com sensibilidade de 74,66%, especificidade de 42,62 %, valor preditivo positivo de 50,93 % e o valor preditivo negativo de 67,83 %. Em relação ao ER ACC/AHA a AUC é 0,7015, com IC95% 0,6455-0,7576 e valor de p <0,001. O ponto de corte do escore que está associado com maior mortalidade é > 23,56%, com sensibilidade de 50,00%, especificidade de 71,04%, valor preditivo positivo de 57,94% e valor preditivo negativo de 64,04%. Na análise de regressão logística tanto o ERF (OR: 1,127; IC95%: 1,056-1,204; p<0,001) quanto o ER ACC/AHA (OR: 1,043; IC95%: 1,025-1,060; p<0,001) foram associados com a mortalidade em 10 anos em pacientes com SCA, após serem ajustados pela creatinina e potássio. Conclusão: Apesar de não apresentarem boa performance, tanto o ERF quanto o ER ACC/AHA foram associados com a mortalidade em 10 anos. No entanto, o ER ACC/AHA apresentou maior AUC e apenas os pacientes classificados com alto risco por esse escore estiveram associados com a mortalidade em 10 anos. Além disso, quando comparados os pontos de corte desses escores para nossa população, que já apresentou evento coronariano, o ERF apresentou melhor sensibilidade enquanto o ER ACC/AHA apresentou melhor especificidade na predição da mortalidade. Logo, sugerimos que os mesmos podem ser aplicados em conjunto para a predição de mortalidade nos pacientes com SCA prévia.