Implicações políticas e econômicas da ascensão chinesa para América do Sul e as possibilidades de cooperação Sul-Sul para o desenvolvimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pedrozo, Gustavo Erler [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/143828
Resumo: Ao formular seu Novo Conceito de Segurança, a China vinculou diretamente a ideia de segurança à garantia das condições para seu desenvolvimento econômico. Diante da grande acumulação de capital via superávit em transações correntes e necessidades cada vez maiores de matérias-primas, abertura de novos mercados e influência política para estabelecimento de um mundo multipolar, a China lançou-se em um movimento de internacionalização de sua economia. Como estratégia de aproximação com o "mundo em desenvolvimento" os chineses resgataram o discurso do "Espírito de Bandung", em contraposição à tese de uma renovação da dependência ao estilo Norte-Sul. Partindo de uma relação estritamente comercial, os chineses passaram a fornecer capital na forma de investimento estrangeiro direto, financiamentos diversos e programas de ajuda internacional. O momento pareceu propício, uma vez que a ascensão de outras forças “emergentes” alimentou o retorno do debate sobre a Cooperação Sul-Sul. As relações da China com a América Latina não fugiram a esse padrão. Esta pesquisa, pois, questionou em que medida é possível afirmar que as relações entre a China e América Latina podem ser consideradas típicas de um modelo Sul-Sul, ou nos termos colocados pela diplomacia chinesa, que prezam pelo benefício mútuo em oposição a ideia do jogo de soma zero. Para responder à pergunta central da investigação, a abordagem proposta, portanto, buscou elucidar os seguintes aspectos: 1) verificar em que medida a conjuntura deste início de século favoreceu a construção de um regime de cooperação sul-sul e como este possível regime absorveu as alterações econômicas pós-crise de 2008; 2) verificar em que medida as relações chinesas com os demais países em desenvolvimento sob o lema do “benefício mútuo” significam um resgate do espírito de Bandung e podem ser consideradas típicas de uma cooperação sul-sul; 3) por fim, analisar, sob o prisma da cooperação sul-sul para o desenvolvimento, a evolução das relações da China com a região latino-americana, e, particularmente, com a região sul-americana. Sobre o último ponto, utilizou-se um levantamento documental dos principais acordos bilaterais e um levantamento de dados relativos às variáveis comércio, investimentos estrangeiros direto, investimentos patrocinados pelo governo chinês e financiamentos concedidos pelas agências governamentais chinesas. Esta pesquisa, portanto, procurou sustentar que, pelo viés da cooperação sul-sul, a situação chinesa é paradoxal, pois ao mesmo tempo em que o crescimento econômico chinês impele às economias sul-americanas a um padrão de comércio típico das relações Norte-Sul, a manutenção do ambiente internacional favorável aos objetivos chineses faz com que algumas concessões precisem ser feitas. Nesse sentido, sugeriu-se que, embora com limites estruturais, as relações da China com a região sul-americana, mas não na América Latina como um todo, poderiam se estabelecer nos termos da cooperação sul-sul para o desenvolvimento.