Resumo: |
Bactérias do gênero Bartonella são agentes zoonóticos, podendo causar danos autolimitantes ou fatais aos seus hospedeiros. Essas bactérias infectam diversos animais, e são transmitidas por vetores como pulgas, piolhos, moscas e carrapatos. Além da diversidade de hospedeiros ser um desafio epidemiológico, essas bactérias são fastidiosas e seu isolamento em meio de cultura é uma constante dificuldade. O objetivo do presente estudo foi padronizar a curva de crescimento de Bartonella spp. em meio TSB (Tryptic Soy Broth) suplementado e verificar a ocorrência de transmissão transovariana e perpetuação transestadial em carrapatos da espécie Amblyomma sculptum, com sangue infectado por Bartonella spp., através de alimentação artificial. Para avaliar o crescimento de Bartonella spp. foi utilizado o meio de cultura (TSB), suplementado com soro fetal bovino, sacarose e anfotericina. As contagens de UFC para a formação da curva de crescimento foram realizadas em placas pelo método de superfície. Uma vez estabelecida a fase ótima de crescimento da bactéria, chegando na concentração 107 a mesma foi utilizada para infectar sangue de coelho previamente testado negativo para Bartonella spp. Fêmeas (49) de A. sculptum foram alimentadas artificialmente durante duas horas com o sangue infectado, por meio de tubos de microhematócrito, sendo, em seguida, alimentadas naturalmente em coelhos até o completo ingurgitamento. Ninfas (98) também foram alimentadas artificialmente durante quatro dias, por meio de membrana natural feita de pele de camundongo, para a avaliação da perpetuação transestadial de Bartonella spp. Após oviposição das fêmeas adultas alimentadas e adultos mudados das ninfas alimentadas artificialmente foram testados molecularmente detecção do DNA do patógeno. Os resultados da curva de crescimento da bactéria mostraram que no meio TSB houve um crescimento lento, porém bem delimitado, com a fase de latência se estendendo por 21 horas, fase exponencial ou log de 40 a 100 horas e fase estacionária se mantendo de 100 a 160 horas, e iniciando seu declínio após esse período. Ensaio de qPCR para Bartonella spp., baseado no gene nuoG dos ovos das 30 fêmeas sobreviventes após alimentação artificial, mostraram-se negativos, evidenciando que não houve transmissão transovariana. Uma fêmea resultante de uma ninfa alimentada artificialmente foi positiva, no entanto, a possibilidade de perpetuação transestadial de Bartonella spp. por essa espécie de carrapato não pode ser confirmada, haja vista a presença de sangue residual no referido espécime de carrapato. Conclui-se que o meio TSB se mostrou adequado para a realização da curva de crescimento sendo que conseguiu demonstrar todas as fases necessárias na curva. A alimentação artificial dos adultos demonstrou que não há a transmissão transestadial, porém, a alimentação artificial das ninfas não foi conclusiva devido a uma fêmea positiva na qPCR. |
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