Entre choques, cortes e fissuras - a (semi)formação estética: uma análise crítica da apropriação de filmes na educação escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Peres, Helga Caroline [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/136313
Resumo: Esta pesquisa intenta problematizar a reprodução de filmes no âmbito da educação escolar, sendo seu objetivo central compreender a forma com que professores que atuam no Ensino Fundamental I percebem e organizam essa possibilidade. Para chegar a esse escopo, partimos de determinados questionamentos que envolvem a produção fílmica, a fim de compreender a inserção do filme na educação escolar no domínio da relação produção-reprodução e dos processos e mediações que a cercam. Tais questionamentos nos permitem antever a existência de uma didática do filme que é inerente e intrínseca à intenção nele depositada pelo cineasta ou produtor; esta didática se diferencia da didática puramente escolar, que se preocupa em atribuir aos filmes o caráter extrínseco de objeto, tornando-o passível de ser reproduzido na escola enquanto recurso de apoio aos conteúdos – feito que explicita sua instrumentalização. Considerando tal questão, defendemos a hipótese de que a reprodução dos filmes, na educação escolar, através de sua didática intrínseca, pode vir a dar vistas a um processo de reeducação de nossos sentidos já formatados pelo presente cenário que se caracteriza pela intensificação dos mecanismos da indústria cultural, identificados por Max Horkheimer e Theodor W. Adorno na década de 1940, e que encontra-se marcado atualmente pela produção exacerbada não só de imagens fílmicas, mas de toda sorte de conteúdos e extensões audiovisuais. Para que essa reeducação dos sentidos ocorra, no entanto, é necessário considerar e desvelar o caráter contraditório do filme – pois ao mesmo tempo em que oblitera a reflexão autônoma por integrar o âmbito das mercadorias da indústria cultural, ele pode vir a integrar o campo da arte, esta que fundamenta a reflexão crítica. Com base em tais considerações, buscamos responder a seguinte questão: a forma com que os professores supracitados se apropriam dos filmes em suas práticas docentes dá visibilidade para que a reeducação dos sentidos se torne efetiva no âmbito da educação escolar, em detrimento de sua mera instrumentalização enquanto recurso didático? Para encontrarmos as respostas para essa pergunta central, optamos por uma metodologia fundamentada em nosso referencial teórico-metodológico – qual seja, a primazia dialética do objeto, que implica que tomemos nosso objeto de pesquisa sob a perspectiva da imanência. Através de entrevistas semi-estruturadas realizadas com quatorze professores do Ensino Fundamental I, buscamos compreender os parâmetros através dos quais o filme é inserido no âmbito escolar; esta análise nos mostrou que, na contramão de nossa hipótese, a principal tendência naquilo que se refere à apropriação dos filmes na escola reflete o utilitarismo característico da didática escolar moderna. A partir destas aproximações, encontramos alguns desdobramentos que apontam para a urgência de que a formação docente – mais especificamente, a formação do Pedagogo – abrace uma perspectiva teórico-crítica que se direcione para reflexões e intervenções que tenham em vista o rompimento com os padrões da estética fílmica hegemônica.