Pilhagem territorial, precarização do trabalho e degradação do sujeito que trabalha: a territorialização do capital arbóreo-celulósico no Brasil contemporâneo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Perpetua, Guilherme Marini [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/144985
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo compreender o processo de territorialização recente da produção de celulose associada ao monocultivo arbóreo (eucalipto) no Brasil, com ênfase em suas implicações para a segurança e a saúde dos trabalhadores(as). Com este intuito, foram analisados os mais novos megaempreendimentos do segmento no país, localizados em diferentes espaços regionais (Extremo Sul da Bahia, Oeste do Maranhão e Nordeste de Mato Grosso do Sul), os quais compuseram o recorte empírico da pesquisa. Em termos metodológicos, a pesquisa buscou combinar o uso de procedimentos quantitativos (levantamento e análise de dados secundários) àqueles de natureza qualitativa (análise documental, diário de campo, entrevistas semiestruturadas), de modo a considerar os aspectos estruturais sem deixar de enfocar o papel exercido pelos sujeitos sociais concretos. Os resultados alcançados permitem defender a tese de que, em função de suas características estruturais inerentes e nos moldes atuais, a produção de celulose só pode se dar na exata medida em que for capaz de se apropriar e exercer controle vertical e autoritário sobre territórios contíguos e de grande extensão, de modo a fruir de maneira monopolista dos recursos existentes. Para tanto, o capital tem lançado mão de uma estratégia deliberada e sistemática composta por um conjunto de táticas que, observadas à luz do materialismo dialético, revelam a combinação entre distintas formas de acumulação (primitiva, por espoliação e ampliada), dando corpo ao que chamamos de pilhagem territorial. Além da escassa geração de empregos mal remunerados e instáveis, para os trabalhadores o resultado não poderiam ser outro senão um trabalho visceralmente precário e degradante, contraditoriamente e até certa medida adequado às exigências de mercado (certificações internacionais) conformadoras das políticas internas de saúde e segurança do trabalho das grandes corporações do segmento. Tudo isso, no período analisado, foi ampla e generosamente assegurado de diversas formas (concessão de financiamentos, incentivos fiscais, investimentos em infraestrutura, flexibilização da legislação ambiental etc.) pelo modelo novo-desenvolvimentista fundado num verdadeiro pacto conciliatório de classes e adotado pelos governos do Partido dos Trabalhadores.