Fitoterápicos como adjuvante à raspagem e alisamento radicular (RAR) para tratamento não cirúrgico de periodontite em adulto: revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Escudero, Janaína Vieira Gomes [Unesp]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191479
Resumo: A doença periodontal é a infecção crônica mais prevalente em adultos. A gengivite é a forma mais comum desta doença afetando cerca de 50 a 90% dos adultos no mundo, enquanto que a periodontite pode ser a evolução do cenário e danos que causam a gengivite e afeta 56,7% da população em geral. Os fitoterápicos podem ser uma alternativa promissora na busca de tratamento adjuvante à raspagem e alisamento radicular (RAR) para a periodontite. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos dos fitoterápicos (e.g., romã, camomila, capim-limão) como adjuvantes à raspagem e alisamento radicular (RAR) quando comparados à pelo menos um dos seguintes tratamentos: padrão, ou seja, RAR isolado (tratamento padrão); RAR em combinação com tratamento antisséptico clorexidina; RAR em combinação com antibióticos sistêmicos; modulação da resposta do hospedeiro com ou sem medicamentos ativo; enxaguatório antimicrobiano; placebo isolado; placebo associado à RAR; nenhuma intervenção; ou outro tipo de terapia complementar e alternativa (e.g., acupuntura, homeopatia) para o tratamento não cirúrgico de pacientes com periodontite. Foi realizada uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados (ECRs) e/ou quase-randomizados. Os estudos foram obtidos das seguintes bases de dados eletrônicas: MEDLINE, EMBASE, CENTRAL, LILACS e ISI Web of Science. A data da última busca foi em 26 de março de 2019. Revisores independentemente selecionaram e extraíram os dados dos estudos incluídos, e avaliaram o risco de viés dos mesmos. Usamos a abordagem GRADE para avaliar a certeza geral das evidências por desfecho avaliado. Um total de 32 estudos envolvendo 1.225 pacientes foram incluídos na revisão. Resultados provenientes de cinco ECRs com um total de 166 pacientes demonstraram uma diferença estatisticamente significante à favor dos fitoterápicos como adjuvantes à RAR quando comparado ao tratamento padrão (i.e., RAR isolado) na redução da profundidade de sondagem (Diferença de média (DM) -0,51, 95% Intervalo de confiança (IC) -0,78 a -0,23, p = 0,0003; I2=38%, p = 0,17); entretanto não houve diferença estatisticamente significante entre o grupo de fitoterápico adjuvantes à RAR e o tratamento clorexidina associada à RAR no que concerne ao mesmo desfecho (DM -0,03, 95% IC -0,16 a 0,10, p = 0,65; I2=0%, p = 0,61; dois estudos, n = 50 pacientes). Além disso, resultados provenientes de apenas um estudo com um total de 37 pacientes demonstraram uma diferença à favor do tratamento padrão (i.e., RAR isolado) quando comparado ao extrato de gel de semente de linhaça como adjuvante à RAR no aumento de nível de inserção clínica (DM -0,99, 95% IC -1,68 a -0,30, p = 0,005, I2=não aplicável); entretanto não houve diferença entre o grupo de fitoterápico adjuvante à RAR e o tratamento clorexidina em associação à RAR em relação ao mesmo desfecho (DM -0,12, 95% IC -0,78 a 0,54, p = 0,73; I2=19%, p = 0,27; dois estudos, n = 72 pacientes). Não houve diferença estatisticamente significante referente ao desfecho porcentagem de sangramento à sondagem em nenhum dos subgrupos seguintes avaliados: placebo em associação à RAR (DM -1,67, 95% IC -4,82 a 1,48, p = 0,30; I2=0%, p = 0,79, três estudos, n = 88 pacientes) e clorexidina isolada (DM -0,33, 95% IC -7,02 a 6,36, p = 0,92; I2=não aplicável, um estudo, n = 34 pacientes). Ainda referente à porcentagem de sangramento à sondagem, mas como variável dicotômica, foi observada uma diferença à favor do gel de mangostão como adjuvante à RAR quando comparado ao tratamento padrão (i.e., RAR isolado) (Risco relativo (RR) 0,72, 95% IC 0,52 a 0,99, p = 0,05; I2= não aplicável, um estudo, n = 69). No que concerne ao desfecho índice gengival, a clorexidina em combinação à RAR apresentou-se mais efetiva quando comparada ao extrato de camomila (DM 0,07, 95% IC 0,02 a 0,13, p = 0,009; I2=0%, p = 0,51, três estudos, n = 91 pacientes). No que concerne ao extrato de romã, não foi encontrada diferença quando comparada ao tratamento clorexidina em associação à RAR (DM 0,03, 95% IC -0,22 a 0,28, p = 0,83; I2=46%, p = 0,16, três estudos, n = 91 pacientes). Foi encontrada uma diferença estatisticamente significante à favor dos fitoterápicos como adjuvantes à RAR quando comparado ao placebo em associação à RAR ainda em se tratando da redução do índice gengival (DM -0,35, 95% IC -0,47 a -0,22, p < 0,00001; I2=19%, p = 0,29, quatro estudos, n = 259 pacientes). Em relação à redução do índice de placa, houve uma diferença à favor dos fitoterápicos como adjuvantes à RAR quando comparado ao tratamento clorexidina em combinação à RAR (DM -0,13, 95% IC -0,17 a -0,09, p < 0,00001; I2=não aplicável, um estudo, n = 30 pacientes), entretanto quando comparado ao placebo em associação à RAR este apresentou maior índice de redução de placa versus os fitoterápicos como adjuvantes à RAR (DM 0,73, 95% IC 0,04 a 1,43, p = 0,04; I2=97%, p < 0,00001, três estudos, n = 217 pacientes). Entre os estudos elegíveis, não houve evidências relatadas sobre perda dentária e perda óssea, bem como, efeitos adversos, qualidade de vida, e mau hálito. Há baixa certeza das evidências, entretanto, que demonstram a efetividade dos fitoterápicos como adjuvantes à RAR quando comparados ao tratamento com clorexidina em combinação à RAR na redução do índice de placa em pacientes com periodontite. Além disso, há baixa certeza das evidências sugerindo que o fitoterápico como adjuvante à RAR não é inferior à clorexidina associada à RAR em relação aos seguintes desfechos clínicos: profundidade de sondagem e índice gengival em pacientes com periodontite. Da mesma forma, há muito baixa certeza das evidências sugerindo que o fitoterápico como adjuvante à RAR não é inferior à clorexidina associada à RAR em relação os desfecho clínico nível de inserção clínica em pacientes com periodontite. Futuros ensaios clínicos devem avaliar o perfil segurança entre os fitoterápicos e a clorexidina ambos como adjuvantes à RAR, bem como, seus efeitos a longo prazo.