O ovo flexível: influência da água durante a incubação de Iguana iguana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Carreira, Laura Borelli Thomaz [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/157329
Resumo: Os ovos de cascas flexíveis são ausentes de reserva hídrica provida pela mãe, e necessitam absorver água, necessária para o seu metabolismo, através do meio de incubação que, em condições naturais, é diretamente influenciado pelo regime de chuvas. Desta forma, com o objetivo central de entender a fisiologia embrionária de répteis que possuem ovos de casca flexível, foram utilizados ovos de iguana verde (Iguana iguana) incubados sob diferentes potenciais hídricos variando de extremamente seco para extremamente úmido, onde foram avaliados parâmetros que refletem a fisiologia do balanço hídrico destes embriões: osmolalidade, massa seca, conteúdo de água e pressão interna dos ovos. Além disso diagnósticos por imagens de microscopia eletrônica de varredura e ressonância magnética também foram aplicados com o intuito de verificar a morfologia da casca destes ovos e a avaliação não invasiva do desenvolvimento embrionário sob diferentes condições hídricas, respectivamente. Dentre os principais resultados encontram-se um aumento bastante significativo da concentração osmótica de fluido alantóico em ambiente extremamente seco resultando em 385 mOsmol/kg. As taxas de massas mostram que os embriões exibem um aumento de 158% em tratamentos extremamente secos quando comparados com tratamentos úmidos. Em condições secas os ovos apresentaram deformação da casca e o embrião representou a maior parte do ovo inteiro, com frações muito pequenas de vitelo e alantoide. A espessura da casca varia conforme a condição hídrica, podendo apresentar uma redução superior a 50%. Além disso, existe um desgaste da casca do ovo ao final da incubação resultante principalmente da ação hídrica, além da degradação por microrganismos, e não da mobilização de cálcio para o embrião conforme ocorre em ovos de casca dura. Também foi possível verificar a presença de fibras internas na casca dos ovos de iguana que, provavelmente, são responsáveis por conferir a capacidade elástica aos ovos suportando absorção de grandes quantidades de água além do crescimento do embrião. As imagens de ressonância magnética permitiram detalhar o desenvolvimento embrionário sob diferentes condições hídricas, revelando variações na morfologia interna e externa (deformações da casca) do ovo, além de mostrar o impacto de ambientes secos na dinâmica espacial do interior do ovo, resultando em pouco espaço para o desenvolvimento do embrião. Afim de complementar o estudo de imagens, foram realizadas capturas de imagens de ressonância de ovos de H. mabouia e C. latirostris, onde pudemos observar pela primeira vez a presença de saco de ar em um ovo reptiliano de jacaré de papo amarelo com 90% de incubação, revelando assim mais uma grande semelhança para com as aves, devido sua proximidade evolutiva. Considerando todos os principais dados obtidos, podemos concluir que a disponibilidade de água para o ovo afeta não só suas respostas fisiológicas como também a morfologia da casca, provocando aspecto deformado e reduzindo sua espessura devido à desidratação. Contudo, embriões de iguana apresentaram uma grande tolerância a ambientes hostis, e mesmo sob condições desfavoráveis foram capazes de completar seu desenvolvimento e eclodir.