Projetos de educação ambiental em contextos educacionais não escolares: uma análise a partir de teses e dissertações

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Campos, Daniela Bertolucci de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/183559
Resumo: A presente pesquisa se insere no âmbito do Projeto interinstitucional “A Educação Ambiental no Brasil: análise da produção acadêmica (dissertações e teses) – EArte” tendo como objetivo investigar a produção acadêmica em teses e dissertações a respeito da proposição/desenvolvimento/análise de projetos de Educação Ambiental em contextos educacionais não escolares. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, documental, do tipo “estado da arte” cujo corpus documental é constituído por teses e dissertações sobre Educação Ambiental constantes do banco de dados construído pelos pesquisadores participantes do projeto, publicadas no período de 1981 a 2016. Sua realização se justifica devido à necessidade de estudos que caracterizem os projetos de Educação Ambiental desenvolvidos nesses contextos, bem como da ausência de estudos do tipo “estado do conhecimento” que busquem estudar esta temática no contexto educacional não escolar. No período estudado identificamos trinta e nove pesquisas, distribuídas em todas as regiões brasileiras, sobretudo nas regiões sudeste e sul, prevalecendo dissertações de mestrado acadêmico produzidas em IES públicas de diferentes programas de pós-graduação, principalmente ligados à área das ciências humanas e multidisciplinares. Esta produção se tornou expressiva a partir de 1999 e os temas que prevaleceram nos projetos estudados foram respectivamente “preservação ambiental e manejo”, “resíduos sólidos”, “recursos hídricos” e “cidadania/participação/sustentabilidade”, predominando pesquisas que estudam projetos com intervenções de curta duração e público-alvo adulto. Destacam-se órgãos governamentais ou instituições públicas enquanto proponentes ou parceiras desses projetos, bem como das organizações do “Terceiro Setor”. Os procedimentos/técnicas mais utilizados nos projetos estudados nas teses e dissertações analisadas foram exposições orais, seguidas pelas oficinas. Os projetos apresentaram grande variedade em relação aos objetivos propostos destacando-se em maior frequência os relacionados a “propiciar mudanças de atitudes/valores/ comportamentos”, “informar/sensibilizar para a preservação/conservação ambiental” e “conscientizar/esclarecer/sensibilizar sobre questões ambientais específicas ou de saúde”. Quanto aos procedimentos de avaliação cerca de metade dos projetos não apresentam procedimentos avaliativos descritos nas produções; naqueles em que os mesmos são evidenciados prevalecem o emprego de questionários. Em relação aos educadores ambientais que atuam nesses projetos prevaleceram os profissionais de diferentes formações, de nível técnico ou superior (36%). Em 51% dos projetos estudados não consta o papel do educador no desenvolvimento desses projetos; nas pesquisas nas quais esta informação está disponível, em 33% o educador aparece como importante no processo educativo, embora vários projetos associem a importância do educador ao cumprimento rigoroso da proposta pré-estabelecida. Em apenas cinco pesquisas a atuação dos educadores é relatada de maneira não superficial no desenvolvimento dos projetos. Quanto às tendências pedagógicas evidenciadas nos projetos estudados nas teses e dissertações, verifica-se a prevalência de tendências pedagógicas tradicionais, seguidas por tendências tecnicistas. Projetos que remetem às tendências pedagógicas progressistas foram estudados em teses e dissertações defendidas a partir de 2002 e correspondem a uma modesta parcela dos projetos estudados. Os indícios encontrados nos textos das teses e dissertações remetem a ideia de projeto enquanto “atividade” ou “técnica” visando determinado objetivo. Na produção estudada não encontramos nenhuma abordagem de projeto que se assemelhe a “pedagogia de projetos”, “método de projetos” ou “projetos de trabalho”. A macrotendência politico-pedagógica preponderante nos projetos estudados foi a “conservacionista”, seguida pela “macrotendência pragmática” presentes em todo o recorte temporal que compreendeu nossa investigação, sendo que nos anos de 2004 e 2013 há uma prevalência quantitativa de pesquisas que estudam projetos que remetem a “macrotendência pragmática”. A partir da primeira década do século atual aparecem pesquisas que estudam projetos fundamentados em perspectivas críticas de Educação Ambiental, tornando-se mais representativos quantitativamente na segunda década. Mediante os resultados apresentados pela análise empreendida constata-se que a Educação Ambiental desenvolvida na forma de projetos sob uma perspectiva crítica trata-se de uma tendência ainda pouco representativa em contextos educacionais não escolares. Para a reversão desse quadro se faz necessária uma mudança na concepção, fundamentação e finalidades dos projetos de Educação Ambiental, bem como a formação de educadores para que possam atuar de maneira diferenciada nesse contexto educacional.