Práticas de leitura no ensino médio: estratégias, táticas e modos de resistência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Ferreira, Ana Estela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/243530
Resumo: Este é um trabalho sobre as artes de fazer (CERTEAU, 1998) no cotidiano escolar e tem como objetivo principal, compreender as relações que se estabelecem entre os estudantes do ensino médio e os materiais didáticos para o componente de Língua Portuguesa, especificamente a partir do contato desses alunos com as atividades elaboradas para o ensino e aprendizagem de leitura e gêneros textuais, em sala de aula. As concepções de leitura, que embasam esta investigação, se encaminham através dos conceitos de apropriação e práticas de leitura, de acordo com as pesquisas de Roger Chartier, bem como o que propõe Michel de Certeau, quando apresenta o ato de ler como uma atividade desconhecida e criadora, feita de associações, deduções, antecipações, criatividades etc. Pesquisas de autores como Pierre Bourdieu, Roland Barthes, Jean Marie Goulemot e Michele Petit contribuem com essa fundamentação da leitura como construção cultural. No entanto, para compreender as tensões desencadeadas entre estudantes e práticas de leitura em sala de aula no ensino médio, foi necessário realizar levantamento de fontes documentais e bibliográficas para investigar as formulações teóricas, políticas e ideológicas que prescrevem como devem ser organizados os processos de ensino e aprendizagem escolares. Assim, foram utilizados os conceitos de estratégias e táticas, também formulados por Michel de Certeau, para refletir sobre essas relações de poder e formas de controle, em contraponto às vivências diárias dos estudantes na escola, quando diante desses materiais. Dessa forma, o conceito de estratégias, ancora as análises das descrições sobre o ensino por competências e habilidades no Brasil, no centro de novos ordenamentos curriculares (BNCC, Reforma do Ensino médio, Currículo Paulista e demais dispositivos), principalmente nos últimos anos, em que mais se tem acentuado processos de direcionamento da educação para uma lógica neoliberal, fruto de intenções mercadológicas; já o conceito de táticas embasa a análise de dados e possibilita o entendimento das maneiras de ler, dos modos de fazer, dos usos dos materiais didáticos e das subversões praticadas por adolescentes durante as aulas de língua portuguesa. Para formular os princípios dessa investigação qualitativa em educação que se aproxima de estudos do tipo etnográfico, foi adotado como recurso metodológico: o inventário do saber, proposto por Charlot (1996) e aplicado aos alunos participantes da pesquisa, com a intenção de identificar pontos significativos para eles em suas histórias escolares; também processos de observação dos comportamentos e interações dos estudantes com os textos, durante a condução da investigação em sala de aula, a partir das atividades propostas nos materiais didáticos Aprender Sempre e Currículo em ação, nas aulas de Língua Portuguesa em que a pesquisadora era também professora, em duas turmas de 1ª série do ensino médio, de uma escola pública do estado de São Paulo. A análise dos dados aponta usos diversos, maneiras de se apropriar ou subverter os produtos e métodos pedagógicos impostos, práticas não passivas, toda uma criatividade cotidiana em busca do sentido dos textos, das representações de si mesmos, ou de formas de sobrevivência em ambiente escolar.