Coordenação de constituintes não oracionais por meio de "mas" nas variedades portuguesas sob a perspectiva da gramática discursivo-funcional: concessão e contraste

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Galvão Passetti, Gabriel Henrique
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Mas
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204096
Resumo: Este estudo objetiva analisar e descrever, nas variedades da língua portuguesa, as propriedades pragmáticas, semânticas, morfossintáticas e fonológicas da coordenação adversativa não oracional, i.e., da coordenação adversativa em que pelo menos um dos membros coordenados é não oracional (palavra ou sintagma), restringindo-se aos casos em que a coordenação ocorre por meio de mas. O referencial teórico adotado é o da Gramática Discursivo-Funcional (GDF). A GDF é um modelo teórico que leva em consideração a natureza situada da comunicação linguística, i.e., ela prevê a inter-relação entre linguagem e contexto. Seu modelo apresenta uma arquitetura modular com organização descendente (top down), i.e., da intenção para a forma das expressões linguísticas, de modo que a pragmática governa a semântica, ambas governam a morfossintaxe, e a pragmática, a semântica e a morfossintaxe governam a fonologia. Como universo de análise, são utilizados materiais obtidos do córpus Português Falado, que traz amostragens de variedades do português de toda a lusofonia. Com o objetivo de ampliar a amostragem sob análise, são acrescentados dados extraídos do córpus Iboruna, representativo da fala do noroeste paulista. Além disso, quando estritamente necessário, são coletados dados de língua escrita da Internet. A análise pragmática da coordenação adversativa não oracional mostra que cada um de seus membros consiste em um Ato Discursivo, a menor unidade de comportamento comunicativo, podendo relacionar um nuclear e um subsidiário que ora exerce a função retórica Concessão, ora a função retórica Esclarecimento, ou dois Conteúdos Comunicados, de diferentes Atos Discursivos, em que informações são cotejadas, indicando a função pragmática Contraste. A análise semântica, por sua vez, mostra que cada membro consiste em um Conteúdo Proposicional, expresso por diferentes categorias semânticas, havendo, nos casos de Contraste, um operador de negação, seja no primeiro membro coordenado, se o Falante deseja substituir uma informação da representação mental do Ouvinte, seja no segundo membro combinado, com o objetivo de esclarecer uma informação que o Falante considera comunicativamente inadequada. Morfossintaticamente, a coordenação adversativa não oracional é mapeada por duas unidades sem relação de constituência entre elas. Como ambas são morfossintaticamente independentes uma da outra, trata-se do processo de Coordenação, quando, juntas, formam uma Expressão Linguística, ou de Empilhamento, caso em que duas unidades funcionalmente equivalentes integram uma Oração. Fonologicamente, os dois membros constituem Frases Entonacionais, que dispõem de um contorno entonacional próprio. O primeiro membro apresenta o padrão entonacional complexo descendente- ascendente nas ocorrências de Concessão, e, nas de Contraste, exibe o padrão entonacional descendente ou complexo ascendente-descendente. Por fim, este estudo permite concluir que mas, na coordenação adversativa não oracional, é um expediente gramatical que se origina no Nível Interpessoal, i.e., no nível de análise que diz respeito às faculdades retóricas e pragmáticas das expressões linguísticas, estando, portanto, a serviço das relações inter-humanas que a linguagem institui.