Interação entre hospedeiro e tumor venéreo transmissível canino: diversidade de células mononucleares e do complexo principal de histocompatibilidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Duzanski, Anderson do Prado [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Dog
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/151445
Resumo: O tumor venéreo transmissível canino (TVTC) ocorre naturalmente em cães, sem predileção por raça ou sexo sendo transmitido durante o coito ou hábitos sociais. É também um tumor transplantável experimentalmente e tem sido utilizado como modelo para o estudo da relação entre tumor e hospedeiro. Apesar da maior infiltração inflamatória intratumoral e da expressão de moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) estar associada à regressão do tumor, o papel central das células imunes do hospedeiro na evolução clínica do TVTC ainda não está claro. Neste estudo nós buscamos analisar a interação entre TVTC natural e hospedeiro, especialmente sob o ponto de vista da imunidade celular tumoral. Aqui nós identificamos e quantificamos por citometria de fluxo células T (CD3+, CD4+ e CD8+), células NK, células B, macrófagos, em amostras de sangue e de tumor, além da expressão imunoistoquímica de moléculas do MHC de classe I e II, sobretudo nas diferentes fases clínicas do tumor, assim como classificamos os subtipos citológicos do tumor e avaliamos o comportamento tumoral frente ao tratamento quimioterápico com sulfato de vincristina em uma amostra de 22 cães com TVTC natural. A quimioterapia foi efetiva no tratamento da maioria dos casos. Encontramos predomínio de TVTC linfocitóide e que metástases e resistência quimioterápica ocorreram apenas nos tumores de fenótipo linfocitóide e misto. Identificamos aumento significativo na expressão de moléculas de MHC classe I e II na fase de regressão. As células T CD3+ estavam igualmente presentes nas fases de progressão e regressão. Porém, as células T (CD4+ e CD8+), células NK e macrófagos estavam mais presentes na fase de regressão, enquanto as células B estavam em maior quantidade na fase de progressão, mas não foi possível correlacionar a fase clínica do tumor com um único tipo predominante de infiltrado inflamatório intratumoral. Ainda, a fase clínica e o subtipo citológico do tumor natural não pareceram ser determinantes na resposta ao tratamento quimioterápico, assim como não encontramos diferença imune expressiva entre os subtipos citológicos do tumor, indicando, portanto, não haver diferença quanto à interação tumor/hospedeiro. Nossos achados em citometria de fluxo mostram que a maior presença de células T no microambiente tumoral antes do início da quimioterapia não favoreceu a regressão do tumor, ao contrário da população macrofágica que parece ter contribuído para o menor número de sessões quimioterápicas. Identificamos ainda que cães fêmeas e cães de raça, em geral, apresentaram maior presença de células mononucleares circulantes e infiltrantes, e que as fêmeas mostraram evidência de resposta mais favorável à remissão completa do tumor acompanhada de quimioterapia em comparação aos cães machos, uma vez que as fêmeas apresentaram maior infiltrado intratumoral de macrófagos. Por fim, nossos dados não sustentam uma forte evidência de regressão espontânea no TVTC natural. Mais estudos são necessários para melhor entender os mecanismos da interação entre células do tumor e hospedeiras e a sua implicação na imunidade antitumoral, uma vez que, na ausência de tratamento o tumor natural provavelmente não regride espontaneamente, pois o sistema imune do cão parece ser requisitado pelo tumor durante os eventos biológicos associados à tumorigênese e ao escape da imunovigilância.