Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Souza, Caroline Araújo de [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/146713
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Resumo: |
Atividades antrópicas geram uma quantidade significativa de poluentes que são lançados no ambiente, muitas vezes ocasionando distúrbios ecológicos e possíveis alterações biológicas em vários níveis: molecular, celular, tecidual, individual, populacional e de comunidade. Entre os xenobiontes presentes nos ecossistemas aquáticos, inúmeros compostos químicos e orgânicos possuem potencial oxidativo, danificando membranas e aumentando os efeitos subletais. Desta forma, as quantificações dos danos celulares e defesas antioxidantes podem ser usadas como biomarcadores de contaminação. Foram coletados espécimes machos de U. cordatus em intermuda, em seis áreas de manguezal do litoral do Estado de São Paulo, com diferentes panoramas de contaminação, a fim de investigar possíveis diferenças sazonais, considerando duas épocas do ano verão (chuvosa) e inverno (estiagem). Inicialmente foi investigada a citogenotoxicidade dos espécimes, com registro das maiores médias de frequência de células micronucleadas (MN‰) nos manguezais de Cubatão e São Vicente, coincidindo ao menor tempo de retenção do vermelho neutro (NRRT, em minutos), indicando sua alta interação com processos degenerativos, causados pelo contato com substâncias tóxicas. O inverso ocorreu nos manguezais de Cananéia e Juréia, considerados prístinos na avaliação dos dois biomarcadores. Os valores para NRRT demonstraram alterações sazonais, indicando uma maior sensibilidade desse marcador citotóxico em relação ao genotóxico. Os animais foram submetidos à biometria para detecção de possíveis alterações na relação do peso (em gramas, com balança de precisão) pela largura da carapaça (em milímetros, usando um paquímetro de precisão). O fator de condição para todas as áreas, independente do período amostral (chuvoso – verão; e seco – inverno), não apresentou diferenças significativas (p<0,05), enquanto no inverno ocorreram as maiores médias. Realizaram-se, também, as técninas de metalotioneínas – MT e lipoperoxidação – LPO, em três tecidos: BA, brânquia anterior (respiratória); BP, brânquia posterior (osmorregulatória); e HP, hepatopâncreas (detoxificação). A concentração de metalotioneína foi mais elevada no verão, sempre obedecendo a ordem decrescente nos tecidos (HP > BP > BA), tendo se destacado na Juréia, em que se esperavam valores inferiores. Já para a lipoperoxidação as médias foram mais pronunciadas no inverno, com o hepatopâncreas detendo as maiores médias, com destaque a Juréia e Cananéia do restante das áreas. Estes dois biomarcadores fisiológicos foram sensíveis às alterações sazonais. Sob uma análise multivariada, concluímos que seria adequado o uso deste conjunto de biomarcadores durante a estiagem (inverno), em que outras influências biológicas são diminuídas, como é o caso da reprodução de Ucides cordatus, registrada sazonalmente mas para o verão. Além disso, foi constatado que todos os biomarcadores mostrarm sensibilidade à poluição de cada uma das áreas amostrais, com destaque a NRRT e MT como os mais sensíveis à sazonalidade. O fator de condição foi descartado como biomarcador de efeito, pois seus resultados foram pouco explicativos para a contaminação local. Adicionalmente, foi realizado um experimento térmico, compreendendo teste agudo (horas) e crônico (dias), com manutenção de espécimes de U. cordatus sob elevada média térmica (30±1ºC), visando avaliar as respostas fisiológicas frente a esta fonte de estresse. As células dos animais estudados apresentaram decréscimo do tempo de estabilidade da membrana lisossômica, pelo teste do vermelho neutro (NRRT), porém sem registro de diferenças expressivas quanto aos níveis de lipoperoxidação no hepatopâncreas e brânquias. Os dados sobre os danos subletais apresentados confirmam o caranguejo-uçá (U. cordatus) como espécie bioindicadora do estado de contaminação de áreas de manguezal do Atlântico Ocidental, podendo ser utilizadas em pacote tecnológico de monitoramento ambiental que está sendo refinado pelo Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos (CRUSTA), da UNESP IB/CLP. Os resultados obtidos evidenciam a necessidade de uma maior atenção do poder público sobre a contaminação de importantes ecossistemas costeiros, como os manguezais, que pela ação sinérgica de xenobióticos na biota pode ter prejudicado seus serviços ecossistêmicos. |