Lentes partidas: a metáfora do olhar em narrativas de João Guimarães Rosa e Clarice Lispector

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Saves, Fernando Guimarães
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/215844
Resumo: Esta dissertação apresenta um estudo analítico-interpretativo do olhar como metáfora a partir da visão infantil dos personagens principais das narrativas “Campo Geral”, de João Guimarães Rosa, e “Miopia Progressiva”, de Clarice Lispector. Em ambos os casos, o protagonista é um menino míope que interpreta o mundo a partir dos olhares lançados para o ambiente e para as pessoas que o cercam. Esses “olhares” relacionam-se a outros significados e campos de abordagem, transpassados por diferenças conceituais entre a percepção captada pelo órgão olho – seja ela uma visão real ou distorcida pelo distúrbio visual – e a percepção subjetiva de cada sujeito, marcada pela ligação singular que ele estabelece com a realidade e o outro à sua volta. Em todo caso, tanto na narrativa de Rosa quanto no conto de Lispector, a miopia é apenas mais um dos muitos aspectos analisados e analisáveis que convergem para a mesma tensão dialética, tendo a “curta visão” como forma metafórica de uma linguagem polissêmica que expressa as dissensões do homem no mundo. Ainda que caracterizadas pelo estilo e pela linguagem única de cada autor, é possível traçar algumas similaridades entre as duas obras, como o interesse na abordagem do universo infantil, o tema da maternidade e, sobretudo, a relação complexa entre o universo externo e o universo interno estabelecida pelos protagonistas, espaço este no qual nem tudo parece ser aquilo que se apresenta aos olhos. À luz da psicanálise, sobretudo a lacaniana e o seu conceito de “deslizamento do significante”, a questão do olhar ganha contornos que remetem, por sua vez, a outros significantes.