Variabilidade da precipitação e a prática turística em Foz do Iguaçu-PR: interações e repercussões no Parque Nacional do Iguaçu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Cunha Souza, Mariana Cristina da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192821
Resumo: A partir da premissa de que o Brasil tem no clima uma mercadoria diferenciada para o desenvolvimento do turismo, a hipótese defendida nesta tese é que a prática turística possui maiores possibilidades de ampliação e geração de lucro em condições climáticas consideradas estáveis, especialmente quando associada à precipitação. Para tanto, o objetivo geral desta pesquisa é demonstrar como o turismo realizado no Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu-PR, articula-se à dinâmica das chuvas, expressando a necessidade de uma abordagem escalar, a fim de compreender as suas variações no tempo e no espaço. A metodologia consistiu na revisão bibliográfica e documental da literatura, com base na concepção dinâmica do clima, cujo entendimento perpassa a relação sociedade e natureza. Portanto, o clima é abordado como um fenômeno geográfico que interfere nas práticas espaciais, tal qual a do turismo, impactando o modo como o espaço é produzido. Nesse sentido, incorpora-se à investigação desenvolvida, os dados sobre a precipitação acumulada e os números de dias com chuvas em Foz do Iguaçu, na série temporal 1980/2017. Esses números são sistematizados por meio de uma abordagem anual, mensal e sazonal, que é correlacionada aos dados de visitação turística no Parque e aos desembarques de passageiros no Aeroporto Internacional da cidade. O conjunto de dados é sistematizado aplicando-se técnicas estatísticas básicas e multivariadas de regressão e tendências juntamente com uma análise qualitativa crítica, quando as bases teóricas da geografia e do turismo permitem tecer considerações a respeito dos fenômenos atmosféricos, sociais e espaciais. Considerando-se a variabilidade climática na cidade e região no qual está localizada, confirma-se que a dinâmica das chuvas é influenciada, sobretudo, por fenômenos atmosféricos que ocorrem em escala sinótica, como o ENOS e pela circulação regional, dinamizada por sistemas frontais, pelos Sistemas Convectivos de Mesoescala e pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul. As chuvas estão concentradas na primavera e no verão. Os anos-padrão chuvosos e muito chuvosos coincidem com períodos de manifestação do El Niño e os anos-padrão secos e muito secos com o La Niña. Os meses com maior movimentação no Parque e Aeroporto são julho, dezembro e janeiro, coincidindo com a alta temporada turística e as férias escolares. Os coeficientes de correlação obtidos mostram que não existe uma relação de causa e efeito do clima com a visitação e os desembarques de passageiros, mas evidenciam que há repercussões diretas no modo como a prática turística é desenvolvida na ocorrência de eventos extremos. Em períodos de muita seca há diminuição do fluxo de pessoas no Parque e Aeroporto. A estiagem pode modificar drasticamente a paisagem natural das Cataratas, que é o principal atrativo turístico de Foz do Iguaçu. Por sua vez, as cheias potencializam a atratividade do destino, mantendo o padrão paisagístico esperado. Do mesmo modo, chuvas fortes e muito acima do que é habitual deflagram situações negativas porque a principal atividade realizada pelos turistas no Parque, é o passeio nas passarelas que dão acesso à Garganta do Diabo, maior queda das Cataratas. Quando a vazão das Cataratas está muito alta, a visitação pode ser interrompida. Portanto, a precipitação pode influenciar na prática turística sob dois aspectos principais: o da experiência turística e o da segurança. Embora o clima seja aceito como parte essencial da prática turística, pouco tem sido detalhado sobre essa relação, por isso, esta pesquisa avança e corrobora, no sentido de que há repercussões, não causalidade, da dinâmica climática no espaço turístico.