Filogenia e potencial de virulência de isolados híbridos de Escherichia coli enteropatogênica atípica/enteroagregativa (aEPEC/EAEC) do sorotipo O3:H2 obtidos durante a investigação de um surto de diarreia no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lira, Daiany Ribeiro Paz de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/217869
Resumo: Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) e enteroagregativa (EAEC) são dois dos principais patotipos de E. coli diarreiogênica (ECD) causadores de doenças ao redor do mundo. A EPEC atípica (aEPEC) produz a lesão attaching and effacing nas células hospedeiras infectadas, levando ao acúmulo de F-actina e à formação de estruturas semelhantes a um pedestal sob as bactérias aderentes. A EAEC adere às células epiteliais formando um arranjo semelhante a tijolos empilhados, conhecido como padrão de aderência agregativa (AA), devido à produção de várias fímbrias de aderência agregativa (AAF/I-AAF/V). O objetivo do presente estudo foi investigar as características genotípicas e fenotípicas de isolados de E. coli híbridos de aEPEC/EAEC, pertencentes ao sorotipo O3:H2, bem como de isolados de aEPEC e EAEC do mesmo sorotipo, todos obtidos durante a investigação de um surto de diarreia, com o intuito de avaliar a influência da combinação de fatores de virulência na patogenicidade e melhor compreender a evolução desses híbridos. A partir de um surto de diarreira, foram obtidos um isolado de aEPEC (eae+/bfpB-), quatro EAEC (aggR+) e três híbridos de aEPEC/EAEC (eae+/bfpB-/aggR+), sendo todos os oito isolados do sorotipo O3:H2. Esses isolados foram caracterizados quanto à classificação dos filogrupos de E. coli, presença de genes codificadores de fatores de virulência associados à patogênese de EPEC e EAEC, análise do perfil plasmidial, padrão de aderência em células HeLa, formação de biofilme e teste de FAS (fluorescent actin staining). Todos os oito isolados estudados foram atribuídos ao filogrupo A. Observou-se que as EAEC e os híbridos de aEPEC/EAEC albergam vários genes do plasmídio de aderência agregativa (pAA), como aatA, aap, orf3, aar, aggA e aggC (codificando a pilina e o usher de AAF/I, respectivamente), além de apresentarem um plasmídio de alto peso molecular. Por outro lado, os isolados de aEPEC e os híbridos aEPEC/EAEC albergam dois genes cromossômicos, nleC e nleF, que codificam efetores secretados pelo sistema de secreção tipo 3. Juntos, esses dados sugerem que o background de aEPEC deve ter servido como um receptor para o pAA, originando assim os isolados híbridos de aEPEC/EAEC. As EAEC e os híbridos aEPEC/EAEC produziram o padrão AA, enquanto a aEPEC aderiu esporadicamente às células epiteliais. Conforme observado no ensaio de FAS, a aEPEC foi incapaz de promover o acúmulo de F-actina sob as bactérias aderentes, enquanto os híbridos aEPEC/EAEC foram FAS-positivos. Diferentemente do isolado de aEPEC, os quatro isolados de EAEC e os três híbridos de aEPEC/EAEC produziram biofilme na superfície abiótica, apontando a influência do pAA para o estabelecimento deste fenótipo. Esse estudo revelou a alta plasticidade da E. coli patogênica do sorotipo O3:H2 na aquisição e manutenção de genes que codificam a virulência. No entanto, a busca por novos híbridos é continuamente necessária para melhor entender quais eventos estão envolvidos no surgimento desses híbridos e como diferentes combinações genéticas podem influenciar sua patogenicidade.