Contribuições da filosofia da Química para a formação inicial de professores de Química: reflexões sobre a experimentação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Prado, Leticia do
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191884
Resumo: Este trabalho buscou compreender, por meio da filosofia da química, o papel da experimentação e as discussões pertinentes sobre o assunto na formação inicial de professores de química. A pesquisa foi desenvolvida em quatro momentos. No primeiro momento, foi feito um levantamento para fundamentação teórica sobre os mais recentes trabalhos sobre a filosofia da química e as preocupações fundamentais dos químicos, envolvendo também as questões relacionadas a seu ensino. Ainda nessa etapa, estendeu-se a pesquisa bibliográfica sobre o papel da experimentação no ensino de química, apontando seus objetivos e abordagens, ambas diretamente relacionadas às atitudes pluralistas defendidas pela filosofia da química. Em um segundo momento, considerou-se o Curso de Licenciatura e Bacharelado em Química Ambiental e Tecnológica de uma universidade pública do interior do estado de São Paulo, analisando seus documentos oficiais e materiais em forma de texto utilizados nos laboratórios didáticos. Em seguida, planejou-se e coordenou-se reuniões de um grupo de estudos, intitulado Grupo de Estudos em História e Filosofia da Ciência (GEHFC) para alunos em formação inicial. Participaram do GEHFC oito alunos de graduação regularmente matriculados na disciplina História e Filosofia da Ciência para o Ensino de Ciências (HFCEC) deste curso. No total foram gravadas e transcritas sete reuniões nas quais abordou-se temas escolhidos segundo as necessidades dos alunos: suas dúvidas sobre as aulas de HFCEC e provocações para discussão, tal como a relação da química com a experimentação, sociedade, política, economia e as responsabilidades do professor de química perante a desmistificação da ciência e do trabalho dos cientistas. Cinco participantes do GEHFC também concederam entrevistas que foram utilizadas para maiores esclarecimentos sobre a questão de pesquisa deste trabalho a partir destas vivências. No terceiro momento desta pesquisa, analisou-se os dados coletados com base nos fundamentos metodológicos da análise textual discursiva. Notou-se que os materiais usados nas aulas de laboratório do curso apresentavam traços limitantes sobre a experimentação, ciências e o trabalho dos cientistas. Os participantes também possuíam visões muito limitadas, associando a experimentação a atividades mecânicas, nas quais se deve executar corretamente roteiros fechados para a escrita de relatórios, por vezes com cálculos manipulados para obtenção de bons resultados. Extingue-se desse cenário a resolução de problemas e a investigação, metodologias inovadoras e defendidas pelos pesquisadores mais renomados da área de ensino de ciências. Neste âmbito escasso de inovação, sequer preocupa-se com as questões relacionadas ao papel do cientista, da ciência na sociedade ou suas relações com outros campos. Mantém-se as discussões históricas, epistemológicas e ontológicas da química limitadas ao que os materiais didáticos apresentam e as aulas de HFCEC, que na maioria das vezes apresentam visões reducionistas, pragmáticas, cumulativas, infalíveis, a-históricas e superespecializadas da química. No quarto e último momento desta pesquisa, voltamos nosso foco para a formação de professores de química de uma universidade norte-americana e suas particularidades organizacionais. Três alunos foram entrevistados e a análise dos dados coletados mostrou que a autonomia de escolha de disciplinas dos níveis iniciais do curso é imprescindível para que os alunos escolham a curso que desejam formar-se, porém os conhecimentos de HFC nem sempre são apresentados para estes estudantes. Em relação ao papel da experimentação, fica clara a organização das disciplinas apresentando aos alunos aspectos técnicos e roteiros fechados nas disciplinas iniciais e a evolução para propostas de resolução de problemas e investigações a medida em que se avança no curso. Este movimento se mostra frutífero já que os participantes afirmam sentir-se mais motivados a buscar mais conhecimentos quando são desafiados e/ou revolvem problemas do que quando simplesmente reproduzem roteiros fechados. Diante destes dois cenários faz-se necessário pensar sobre os conteúdos da filosofia da química essenciais na formação inicial do professor. Porém o curso brasileiro necessita ainda de uma atualização curricular para além de documentos como o Projeto Político Pedagógico (PPP), já que, como concluiu-se nesta pesquisa, seus objetivos ainda não foram alcançados. Pretende-se que este trabalho seja um estímulo a estudos brasileiros sobre a filosofia da química, ainda muito incipientes. Por fim, espera-se que ele seja visto como uma crítica construtiva para a melhoria da formação inicial de professores de química e que as ações do GEHFC possam servir de guia para atualização e planejamento de disciplinas relacionadas a HFC em cursos de licenciatura em química.