Efeitos da cesárea eletiva no período perinatal e no primeiro ano de vida: coorte de lactentes de Botucatu: Efeitos da cesárea eletiva no período perinatal e no primeiro ano de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ferrari, Anna Paula
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181218
Resumo: Introdução: Na literatura científica, estudos relacionam as cesáreas ao aumento do risco de morbimortalidade materna e infantil. Além dos possíveis desfechos negativos observados no período perinatal, a literatura tem apontado, também, efeitos deletérios na primeira infância para crianças nascidas por operação cesariana, tais como: desmame precoce, asma, alergia e alterações de crescimento. Porém, com exceção do aleitamento materno e da asma, há viés na maioria dos registros, visto que não há a devida discriminação entre os desfechos relacionados às cesáreas indicadas e as cesáreas eletivas. A tese a ser explorada diz respeito aos efeitos adversos da cesárea no período perinatal e primeiro ano de vida, quando realizada sem indicação precisa, tendo como hipótese: os desfechos da cesárea eletiva são negativos no período perinatal e no primeiro ano de vida quando comparados aos mesmo desfechos do parto vaginal. Objetivos específicos: três estudos foram desenvolvidos, sendo que o primeiro, tem por objetivo classificar os tipos de partos de acordo com três referências: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), Ministério da Saúde (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no Sistema Único de Saúde – CONITEC) e revisão de literatura especialmente conduzida para tal finalidade e comparar os desfechos perinatais e no primeiro ano de vida associados a essas classificações; o segundo objetiva verificar o efeito da cesárea eletiva sobre os desfechos perinatais: idade gestacional ao nascer, peso ao nascer, índice de Apgar atribuído no quinto minuto de vida, tempo de internação, necessidade de internação em Unidade de Cuidados Intermediários/Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UCI/UTI), contato pele a pele na sala de parto e amamentação na primeira hora de vida; e o terceiro, verificar o efeito da cesárea eletiva sobre os desfechos: aleitamento materno exclusivo interrompido antes do sexto mês de vida, desmame no primeiro ano de vida, alterações no crescimento, ocorrência de infecções respiratórias e atopias no primeiro ano de vida. Método: trata-se de estudo de coorte, cujo seguimento foi de um ano. A coorte foi constituída por mães/bebês que passaram por serviço de atenção primária de Botucatu/SP (Clínica do Bebê), voltado a atender em consulta médica e de enfermagem recém-nascidos cujos partos ocorreram tanto no serviço público quanto no privado e cujas mães aceitaram participar do estudo. A coleta de dados ocorreu em sete momentos, sendo o primeiro na Clínica do Bebê, no primeiro mês de vida das crianças, e as demais entrevistas ocorreram por telefone (aos dois e quatro meses do bebê) e em domicílio aos três, seis, nove e 12 meses após o parto. Para a análise estatística do estudo 1 realizou-se associação entre todas as variáveis perinatais e no primeiro ano de vida e as três classificações de parto, sendo estimadas as probabilidades de significância (p valor). Foram utilizadas as técnicas de Kruskal-Wallis e Qui-quadrado, sendo considerados significativos p<0,20. Para o estudo 2, realizou-se análise univariada, sendo estimados os riscos relativos, com intervalo de confiança de 95%, a partir da Regressão de Cox. Aquelas variáveis que apresentaram nível de significância estatística menor que 0,20 (p<0,20) foram mantidas no modelo. Em seguida, a relação entre o tipo de parto e os desfechos perinatais foi analisada por Regressão de Cox Múltipla. Para o estudo 3, modelos de Regressão de Cox foram ajustados para os desfechos em função do tipo de parto, incluindo todas as covariáveis. Em seguida, reajustaram-se os modelos, incluindo somente covariáveis com níveis descritivos abaixo de 0,20 (p<0,20). Relações foram consideradas significativas se p< 0,05. Análises foram realizadas com o software SPSS v21.0. Resultados: os achados do artigo 1 mostram que a diretriz CONITEC é o referencial nacional que apresentou a maior taxa de cesárea eletiva e foi o que mais diferenciou o parto vaginal das cesáreas, considerando os resultados perinatais estudados. Com relação ao artigo 2, associações significativas foram encontradas entre contato pele a pele, amamentação na primeira hora de vida, internação em UCI/UTI e tempo de internação. Bebês nascidos por cesárea eletiva têm maior risco de não serem colocados em contato pele a pele (RR=13,74; p<0,001; IC95%=7,64-24,71) e de não serem amamentados na primeira hora de vida (RR=2,28; p<0,001; IC95%=1,56-3,34). Apresentam também maior risco de internação em UCI/UTI (RR=2,26; p=0,014; IC95%=1,18-4,35) e maior tempo de internação (RR=0,60; p<0,043; IC95%=0,01-1,19). O artigo 3 não revelou associação estatisticamente significativa entre parto vaginal, cesárea eletiva e os desfechos estudados. Conclusão: sugere-se a diretriz CONITEC como o referencial nacional mais indicado para classificação das cesáreas. A cesárea eletiva associou-se a maior risco de não ter contato pele a pele e de não amamentar na primeira hora de vida; a maior tempo de internação e risco maior de internação em Unidade Neonatal. Desta forma, para evitar a ocorrência de eventos deletérios no período perinatal devem-se evitar cesáreas eletivas.