Narrativas orais dos ribeirinhos da Comunidade do Cajueiro na ilha do Mosqueiro/Pa: saberes práticos do cotidiano e suas repercussões no ensino fundamental de ciências na escola pública

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Miranda, Maria Josevett Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192805
Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar os fundamentos sócio-históricos e culturais dos saberes práticos sociais do homem amazônico, e buscou identificar suas diferentes formas de viver cotidianamente, verificando se esses saberes estão sendo aproveitados no ensino escolar de ciências dessa comunidade e se contribuem para subsidiar uma proposta pedagógica de ensino de ciências na Escola, enraizado na cultura amazônica. O referido estudo teve como “lócus” observacional da pesquisa a Comunidade do Cajueiro, entreposto pesqueiro situado na Ilha do Mosqueiro, uma das trinta e nove (39) ilhas que circundam a cidade de Belém, capital do Estado do Pará. Na realização da pesquisa foi empregado um conjunto de procedimentos metodológicos, por meio dos quais aprofundamos nossos conhecimentos sobre as práticas sociais dos ribeirinhos, bem como dos sujeitos sociais envolvidos no processo educativo escolar da Comunidade, para que, a partir das ações que realizam em seu mundo de vida, pudéssemos analisar as relações dialéticas que as práticas cotidianas dos ribeirinhos estabelecem com o ensino de ciências na escola. Os resultados obtidos com esta investigação demonstraram que as práticas culturais dos ribeirinhos, seu modo de vida, assim como, suas experiências, não estão sendo aproveitadas pela Escola Pública da Comunidade, assinalando, que há um enorme desencontro entre a educação escolar e a educação não-formal dos ribeirinhos-narradores. Portanto, conclui-se que, além de um ensino de Ciências desenraizado culturalmente com o contexto sociocultural da comunidade, verificou-se também que, este ensino não está desempenhando seu papel político no processo de formação do alunado, e, que os ribeirinhos-narradores, muito embora realizem em sua prática de vida, saberes sociocientíficos de forma inter e transdisciplinar que interligam diversas áreas do conhecimento científico, parecem que não se dão conta disso, razão pela qual, apresentam através de suas “falas”, uma rejeição e até um forte preconceito social de negação à sua própria cultura. Por isso, enfatizam que seus conhecimentos obtidos na vida da pesca são saberes inferiores em relação aos conhecimentos escolares que são baseados na Ciência e, portanto, superiores, o que constitui um dos principais motivos, pelos quais, querem seus filhos na Escola estudando. Consideramos, entretanto, que apesar dos ribeirinhos não valorizarem seus saberes práticos, construídos e reconstruídos socialmente, na labuta da pesca pela sobrevivência, experiências práticas transmitidas por seus ancestrais indígenas, quilombolas e povos das ribeiras e das florestas, os saberes correspondem a um riquíssimos e vasto material sociocultural e científico, que deveriam sim, contribuir nos currículos escolares, não apenas, na área de Ciências, mas nos mais diversos eixos temáticos do Ensino Fundamental, com a devida profundidade correspondente em cada ciclo. Assim, esperamos que os resultados desse estudo sirvam para subsidiar propostas de ações pedagógicas no Ensino de Ciências que se fundamentem na cultura de mundo dos ribeirinhos-narradores para este ensino se realize por meio de investigações científicas, tendo em vista elevar o nível de consciência ingênua do alunado, em direção a uma consciência científica, crítica e politicamente transformadora, enquanto sujeitos sociais, construtores e, dirigentes de suas destinações históricas.