Gênese da tectonossequência Jaibaras (Ediacarano - Ordoviciano) e sua herança na sedimentação da sequência Serra Grande (Ordoviciano - Siluriano), borda nordeste da Bacia do Parnaíba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cerri, Rodrigo Irineu [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204328
Resumo: Caracterizadas pela longa duração no tempo geológico, sinéclises, bacias intracratônicas ou do tipo sag destacam-se por uma complexa história de subsidência e erosão, sendo sua origem e evolução objeto de intensa discussão. Historicamente debatida nas ciências geológicas, prevalece a hipótese controversa de que estas bacias se desenvolvem a partir de sistemas rifte sucedidos por fases de subsidência térmica ou mesmo flexural. No entanto, a complexidade destas bacias e o pouco conhecimento de suas evoluções geocronológicas, arquiteturais e de proveniência não permitem falsear de maneira satisfatória esta hipótese. Considerando esta problemática, a presente pesquisa buscou analisar de maneira integrada e utilizando uma metodologia multi-indicadores (multi-proxy) a implantação e história deposicional inicial de bacias intracratônicas, tendo como foco específico a Bacia do Parnaíba no Estado do Ceará. Para tanto, lançou-se mão de análises geocronológicas, estratigráficas e de proveniência sedimentar ainda inéditas, buscando identificar as diferenças e/ou similaridades entre o sinal deposicional e áreas fonte das bacias do Jaibaras (rifte) e Parnaíba (intracratônica). Especificamente, foram conduzidas análises detalhadas de proveniência sedimentar a partir de geoquímica de rutilo detrítico, geocronologia U-Pb em zircão detrítico, proveniência sedimentar macroscópica e análise de paleocorrentes nos depósitos sedimentares da Formação Aprazível (Ediacarano - Cambriano, topo da Bacia do Jaibaras) e da Formação Ipu (Ordoviciano, base da Bacia do Parnaíba). Os dados de proveniência sedimentar demonstram que os conglomerados depositados na fase final da Bacia do Jaibaras são predominantemente compostos de clastos de rochas vulcânicas, sedimentares e metamórficas, angulares a sub-angulares, indicando áreas fonte diversificadas e proximais. Por outro lado, os conglomerados depositados na fase inicial da Bacia do Parnaíba apresentam alta maturidade sedimentar, com grande predominância de clastos de quartzo arredondados e pequena presença de clastos de outras composições, sugerindo áreas fonte distais. A análise de proveniência sedimentar a partir de geoquímica de rutilo detrítico reforça a área fonte distinta para as duas bacias estudadas, principalmente devido a: (i) importante diminuição da contribuição de rutilo advindos de rochas de fácies granulito nos sedimentos iniciais da Bacia do Parnaíba, e (ii) diminuição da contribuição de rutilo proveniente de fontes máficas nos depósitos sedimentares da Bacia do Parnaíba. As idades de máxima deposição obtidas pela análise geocronológica por U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico indicam Cambriano Médio/Superior para a Formação Aprazível (ca. 499 ± 5 Ma), e Cambriano Inferior para a Formação Ipu (ca. 528 ± 11 Ma). O fato da idade de máxima deposição da Formação Ipu ser mais antiga que a obtida para a Formação Aprazível reflete fontes distais distintas daquelas presentes nos limites e interior da Bacia do Jaibaras. A comparação dos dados geocronológicos da Formação Ipu com idades palinológicas disponíveis para a Formação Tianguá sobreposta, revelou que o início da sedimentação da primeira unidade da Bacia do Parnaíba possivelmente se deu no Cambriano Superior/Ordoviciano Inferior. Os dados geocronológicos ainda confirmam que as fontes primárias de sedimentos para os depósitos iniciais da Bacia do Parnaíba estariam localizadas nas regiões elevadas e montanhosas relacionadas às orogêneses do Ciclo Brasiliano, a sul/sudeste da Província Borborema (como os cinturões metamórficos e faixas Rio Preto e Riacho do Pontal). No atual estágio desta pesquisa, os dados obtidos enfatizam mudanças importantes nas áreas fonte entre as bacias rifte e sag, indicando que não há continuidade de polaridade e registro sedimentar entre as duas bacias. Deste modo, pode-se afirmar que as análises geocronológicas e de proveniência revelam que a Bacia do Parnaíba não teve evolução inicial continuada ou profundamente influenciada pelos sistemas de riftes da Bacia do Jaibaras.