Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Pacor, Mariana Franco [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/253360
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Resumo: |
O pontapé-desejo que inaugura o trabalho é a busca de "artes lésbicas". Forjar uma coleção como quem "descobre" - como quem inventa? - para si, um mundo que não existia. Entretanto, as imagens que encontrava insistiam em me olhar, me perguntavam sobre as certezas em que as enquadrava, insistiam contra a completude positivista da categorização, mesmo aquela que se pretende contra-hegêmonica. Precisei perguntar: "artes lésbicas", o que é isso? A imagem-sapatão teimou em aparecer fugindo, não se deixando ser eclipsada pela linearidade discursiva da "descoberta" seguida do ingresso bem-sucedido na mesma narrativa historiográfica - aquela que nomeia os seus outros. Imagem-sapatão teima pela abertura da ideia de História da Arte, de Sexualidade, de Gênero, de Lesbianidade. Se apresenta como encontro desestabilizador dos binários ordenadores da modernidade colonialidade: mito/história, natural/artificial, farsa/real, homem/mulher, hetero/homo, normal/anormal. Essas imagens vão fugindo de todas as ordenações e, assim, denunciam o próprio esforço do ordenar:quem ordena, os efeitos da ordenação e a finalidade da ordem. Imagem-sapatão sísmica em racha/dura que nomeia a norma e guarda para si o mistério do inominável, do movimento magmático. Colocamos no divã o inconsciente do feminismo-lésbico ao analisar seus pactos narcísicos de branquitude e de cisnormatividade. Assim, na encruzilhada sapatão entre transmasculinidade e lesbianidade fundamentamos outra maneira de narrar o saber nas imagens: imaginativa, marcando diferenças sem estabilizá-las em categorias hierárquicas. Fraturamos em mais nomes (im)possíveis o saber que tenta se levantar sobre os corpos, e que demarca pertencimentos sempre subordinados a conceitos médico-jurídicos, acadêmicos, euro-estadunidenses e distantes da memória comunitária e da autonomia dos sujeitos em questão. Aqui, nos guardarmos no território do trânsito, em taxonomias ocasionais, sem fixar em imagens um significante universal da sapatonidade. Ao instalar racha/duras na ordenação binária da colonialidade modernidade implantamos contradições, experimentações e reticências como armadilhas visuais para as ciências que tentam nos reduzir à transparência do explicável, categorizável e assimilável. A imagem-sapatão aparece, então, como ferramenta de autodeterminação e multiplicação da significação, da imaginação e da representação, fazendo emergência do confronto antirracista e anticolonial dentro dos estudos que vêm se estabelecendo como História Lésbica. |