Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Moraes, Marcela Figuerêdo Duarte [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/193037
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Resumo: |
Carnívoros generalistas são pouco exigentes e apresentam hábitos alimentares variados e, devido a este comportamento oportunista, estes animais aproximam-se de populações humanas, tornando-se vulneráveis aos patógenos de animais domésticos, mas também podendo carrear patógenos para os animais domésticos e o homem. No Parque Nacional do Iguaçu (PARNA Iguaçu), os quatis e os graxains são espécies frequentes de carnívoros generalistas e oportunistas e com ampla distribuição no território do parque. Recentemente, foi diagnosticada por métodos parasitológicos tradicionais a presença de alguns gêneros de filarídeos com potencial zoonótico em carnívoros selvagens no interior do parque. Além disso, casos autóctones de leishmaniose visceral canina foram confirmados em cães domésticos e em humanos na região. Dessa forma, devido à importância para o cenário da saúde pública atual, esta pesquisa teve como objetivos o estudo das filarioses e leishmaniose visceral em carnívoros generalistas do PARNA Iguaçu, bem como entender a relação parasita-hospedeiro e os processos ecológicos que podem favorecer a transmissão desses agentes entre populações silvestres, domésticas e o homem. Para isso, foram capturados 284 mamíferos selvagens, por meio de armadilhas Tomahawk e Sherman. Os animais foram contidos quimicamente para punção da jugular e coleta de amostras sanguíneas, para diagnóstico parasitológico, sorológico e molecular de filarídeos e tripanossomatídeos. Foram visitadas 64 propriedades rurais do entorno do PARNA, onde foram coletadas amostras de 226 cães domésticos. Foram realizadas ainda necropsias de 20 carnívoros selvagens atropelados na BR 469 (dentro do PARNA), visando às mesmas análises. O diagnóstico inicial de filarídeos foi realizado pelo teste de Knott modificado, posteriormente, seguiu-se a extração de DNA das amostras sanguíneas e de tecidos, realizada pela técnica de clorofórmio-álcool isoamílico. Para triagem molecular de filarídeos, as reações de PCR foram realizadas com amplificação da região 5S rDNA, posteriormente as amostras positivas passaram por novas reações de PCR com os genes Miosina e hsp70 de filarídeos, visando identificação das espécies. Com relação à pesquisa molecular de Trypanosomatidae, primeiramente foi realizada a PCR com primers do gene mitocondrial Citocromo B, e as amostras positivas, passaram por nova PCR com primers da região 18S rDNA de tripanosomatídeos. Todas as amostras positivas na PCR foram submetidas a PCR de sequenciamento com kit BigDye, em sequenciador ABI3130. Os eletroferogramas foram analisados e as sequências alinhadas junto às sequências do banco do NCBI. A partir destas, foram geradas árvores filogenéticas para cada gene estudado de cada grupo de parasitas. Foi realizada a RIFI para Leishmania infantum de todos os cães domésticos amostrados. Como resultados foi possível observar a presença de cinco espécies de filarídeos parasitando quatis (Nasua nasua) no PARNA Iguaçu: Mansonella sp. 1, Mansonela sp. 2, dois gêneros novos aqui identificados como Embainhada 1 e 2, e Dirofilaria immitis. Em cães domésticos, foi identificada a presença de Acanthocheilonema sp. Estes dados são inéditos na região em estudo, uma vez que pouco se conhece a respeito de filarídeos de animais selvagens da região neotropical. É importante ressaltar que os quatis apresentaram alta prevalência de infecção de filarídeos (74,5%), podendo atuar como bons reservatórios destes nematódeos na região estudada. Alguns dos gêneros identificados são descritos como parasitas zoonóticos em outras regiões do Brasil e do mundo, o que alerta para a necessidade de vigilância em saúde, pois estes parasitas podem ter potencial zoonótico. Com relação aos tripanossomatídeos, apenas em cães domésticos foi detectada a presença de L. infantum em animais provenientes da cidade de Foz do Iguaçu, apesar de terem sido identificados cães positivos na RIFI para L. infantum (28,7%) em algumas propriedades do entorno do PARNA. Foi ainda identificada a presença de Trypanosoma cruzi em um quati da área turística das Cataratas do Iguaçu, sendo tipificado como T. cruzi DTU’s TcIV. É possível sugerir que os cães domésticos sejam os reservatórios de importância para a leishmaniose visceral em Foz do Iguaçu, PR, havendo necessidade de maior vigilância e ações no controle dos vetores e reservatórios domésticos, para evitar que o parasita adentre o PARNA e seja amplificado (spillback) nas inúmeras espécies de hospedeiros susceptíveis que habitam a mata atlântica do PARNA Iguaçu. A presença de T. cruzi em quatis é um alerta, pois estes animais atuam como bons sentinelas do ambiente selvagem, e, desta forma, demonstrando que T. cruzi está circulando na área florestal. Os dados obtidos nesta pesquisa indicam a ocorrência e circulação, no PARNA Iguaçu, de parasitas transmitidos por vetores que são de grande importância para a saúde pública em todo o mundo. Além disso, é possível sugerir que na região do PARNA Iguaçu os cães domésticos são responsáveis por manterem a circulação de L. infantum, enquanto os quatis são excelentes reservatórios de nematódeos filarídeos e podem atuar também como reservatórios de T. cruzi, conforme já relatado em outros biomas brasileiros, sendo um importante animal sentinela a ser monitorado por órgãos de vigilância em saúde na região estudada. |