A atuação da política do novo ensino médio no estado de São Paulo: formação dos alunos e trabalho docente a partir da percepção de professores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ortega, Daiani Vieira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/257646
Resumo: A tese em tela objetivou compreender a atuação da política do Novo Ensino Médio no estado de São Paulo na formação dos alunos e no trabalho docente a partir da percepção de professores da rede pública estadual. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, cuja investigação teve como referencial teórico analítico a “Abordagem do Ciclo de Políticas” de Stephen Ball e seus colaboradores (1992). Por tratar-se de uma política recente, a investigação centrou-se na compreensão dos três primeiros contextos: contexto de influência, contexto da produção de texto e contexto da prática. Dada a complexidade da análise da política em tela, fez-se necessário considerar no contexto de influência a multiplicidade de fatores de ordem econômica, política e social envolvidos nas transformações do capitalismo mundial, no mundo do trabalho, na ascensão do neoliberalismo e suas nuances na agenda global para a educação. Foi imprescindível analisar as arenas de produção de texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as forças e atores mobilizados durante sua formulação. Partimos do pressuposto que no caso do ensino médio, um jogo de forças se estabeleceu para que as mudanças demandadas pelo contexto social e político fossem atendidas e para isso adiou-se a homologação da BNCC desta etapa de ensino. Considerando o contexto da produção de texto, analisamos os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Lei nº 9.394 de 1996. Analisamos a reforma do ensino médio com vistas à identificação de interesses, ideologias, conceitos, vozes presentes e ausentes e, então, estabelecemos seus nexos com o novo ensino médio paulista. Para a compreensão do contexto da prática, realizamos entrevistas semiestruturadas com seis professores de Geografia que possuíam aulas atribuídas no novo ensino médio, no ano de 2022, nas escolas jurisdicionadas a uma diretoria de ensino localizada na região oeste do estado de São Paulo. Os dados coletados foram tratados mediante o método de análise de conteúdo proposto por Bardin (2008) e a luz do referencial teórico. A pesquisa evidenciou que está em curso um projeto de educação que limitará o acesso ao conhecimento aos jovens filhos da classe trabalhadora, ao promover o estreitamento curricular com o oferecimento de conhecimentos mínimos de Língua Portuguesa e Matemática; aprofundará as tentativas de controle sobre o trabalho docente através da prescrição curricular e das cobranças para o alcance de metas nas avaliações externas e da formação esvaziada proporcionada nos cursos de licenciatura, além da abertura da possibilidade de profissionais de “notório saber”, portanto, sem domínio dos saberes pedagógicos necessários à prática da docência; formará jovens adaptáveis às demandas do mercado, expropriando-os do acesso ao conhecimento historicamente construído. Por outro lado, vimos que, no contexto da prática os professores buscam alternativas para traduzir a política e a ela dar novas interpretações. No entanto, os mecanismos de controle e as tentativas de proletarização da profissão docente tem se intensificado significativamente, dificultado cada vez mais a resistência dos professores. A pesquisa aponta para a necessidade de resistência e ampliação dos debates sobre o novo ensino médio e sinaliza a urgência na revogação da reforma, que tende a agravar a desigualdade social no nosso país, ampliando a dualidade entre as escolas da elite e as escolas da classe trabalhadora.