Educação do campo e revolução: uma análise da produção científica em ensino de ciências e de biologia para a educação escolar rural

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Vasconcelos, Paulo Henrique de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181546
Resumo: A proposta de uma educação do campo nasce no final da década de 1990 por meio da atuação reivindicatória de movimentos sociais atuantes nas regiões rurais. Sua gênese é embasada na premissa de que sem a educação dos povos não é possível a concretização da luta pela terra no Brasil, sendo assim, é entendido que a luta por educação deve ser reivindicação central dos movimentos sociais camponeses, desenvolvendo-se conjuntamente à luta pela terra e por condições dignas de vida. O movimento por educação do campo logrou diversas conquistas desde a sua construção, desde a inserção de seus pressupostos em políticas educacionais até a construção e ocupação de escolas e formulação de cursos de nível superior e de pós-graduação. Nesse ínterim, torna-se relevante analisar de que modo os processos educacionais escolares se desenvolvem dentro das escolas do campo e relacionam-se aos pressupostos teóricos preconizados por seus intelectuais orgânicos. É nesse sentido que este trabalho, por meio da análise da produção científica selecionada em revistas e eventos na área da educação, do ensino de ciências e da educação no/do campo, no intervalo de anos entre 2007 e 2017, teve por objetivo a compreensão de como os pressupostos teórico-metodológicos do ensino de ciências e de biologia se relacionam com as perspectivas e reivindicações da educação do campo na educação escolar. Foi utilizado como método científico para o desenvolvimento da pesquisa o materialismo histórico e dialético, cujo intento é prover uma compreensão totalizante do objeto estudado e nele identificar, por meio da análise e da utilização de categorias concretas, as contradições que compelem seu devir na realidade. Constatamos que a educação do campo, ao receber grande influência de pressupostos pós-modernos e multiculturais, esvazia as possibilidades de realização de sua proposta de transformação social, desmecerendo a compreensão de totalidade da realidade, fragmentando as forças populares, dirimindo a instauração da consciência de classe e enfraquecendo o surgimento de movimentos revolucionários. As incursões dentro do ensino de ciências e de biologia extrapolam ainda mais o cenário já visto na educação do campo, amparando-se em pressupostos utilitaristas do conhecimento científico, supervalorizando a atividade prática em relação à teórica e tratando com desconfiança as possibilidades de produção de qualquer conhecimento objetivo, tomando como contradição que movimenta o devir da realidade a dicotomia entre saberes populares ou tradicionais e os conhecimentos científicos na educação escolar. Defendemos que esta contradição é mera distração colocada pelo modo de produção capitalista e não representa uma análise radical da realidade, propondo a adoção da perspectiva pedagógica histórico-crítica para a elaboração de processos educativos que, de fato, tenham chance de promover a transformação da realidade.