Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Pereira, Milena Aparecida Del Masso |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11449/251041
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Resumo: |
A crescente incidência de patógenos multidroga-resistentes (MDR) em serviços de saúde traz consigo o risco de transmissão comunitária desses agentes, em especial nos domicílios. Realizamos um estudo para avaliar a potencial disseminação e transmissão de bactérias MDR a partir de egressos hospitalares colonizados ou infectados, para seus contactantes domiciliares, assim como a persistência da colonização. Foi realizado um estudo de coorte de setembro/2020 a abril/2022 incluindo egressos hospitalares e seus contactantes. Foram incluídos pacientes com culturas positivas após 48 horas da admissão hospitalar e que não tinham relato de infecção por patógenos MDR nos últimos 6 meses. Os patógenos de interesse foram aqueles que compõem o grupo ESKAPE: Enterococcus spp resistente à vancomicina, Staphylococcus aureus resistente à meticilina, e bacilos Gram-negativos (BGN, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter spp). Após a alta hospitalar, foram realizadas visitas domiciliares com coletas de swabs nasal, oral e retal nos dias 15, 30 e 90, do paciente índice e de seus familiares, mediante assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido. A identificação dos patógenos seguiu os critérios usuais de laboratório. Utilizamos o sequenciamento do genoma total para responder lacunas epidemiológicas da passagem de microrganismos MDR na comunidade, a partir de análises filogenéticas. Foram acompanhados 51 egressos hospitalares, nos quais 38 (74,5%) tiveram cultura positiva durante o seguimento. A transmissão para seus contactantes houve em 21% dos casos (8/38) e somente a persistência da colonização nos egressos em 79% (30/38). Os contactantes colonizados prestavam cuidados intensos para o egresso, incluindo troca de fralda, banho e curativo, além deles apresentarem baixa pontuação de autonomia (Karnofsky < 50). Foram identificados o mesmo patógeno da internação do caso-índice (CI) e seu contactante em 4 ocasiões, sendo: 2 casos, K.pneumoniae (todos cônjuges), 1 caso, P. aeruginosa e 1 caso, A. baumannii (ambos cônjuges). Houve colonização do CI e transmissão de patógeno MDR diferente da internação para os contactantes em 3 ocasiões: 2 casos, K.pneumoniae (neta e filha) e 1 caso, P.aeruginosa (esposa). Em apenas um caso houve transmissão de K.pneumoniae para cônjuge, diferentemente do CI (A.baumannii) durante a hospitalização. Através das análises filogenéticas é possível inferir que há circulação de uma mesma cepa no ambiente hospitalar e que se disseminou para os domicílios com nenhuma ou mínimas mutações pontuais, perpetuando nos CI e transmitidas para seus contactantes da mesma família. Os CI permanecem colonizados por mais tempo, em sua maioria até o término do estudo, enquanto seus contactantes obtiveram apenas uma amostra positiva durante o seguimento. Aqueles egressos que não transmitiram o patógeno, apresentavam uma melhor autonomia, dependendo menos de seus familiares, mas tinham um estado funcional de saúde comprometido, apresentando um índice de comorbidade de Charlson maior que 3 e idade mínima de 36 anos, exceto para dois pacientes adolescente que necessitavam de cuidados médicos recorrentes e apresentavam um histórico sucessivo de intercorrências. Portanto, nosso estudo evidenciou que há circulação e disseminação de organismos MDR para além do hospital, onde há necessidade urgente de medidas estratégicas, efetivas e assertivas na contenção desses patógenos ainda nos hospitais, com expansão das recomendações para a comunidade, na intenção de progredir com o prognóstico dos egressos, prevenir o estado infeccioso em seus contactantes e suspender a reinserção de multirresistentes nos hospitais. |